segunda-feira, 11 de julho de 2011

Herança maldita de Lula beneficou Dilma


Uma caudalosa herança maldita advinda da era Lula transformou o primeiro semestre da gestão Dilma Rousseff à frente da Presidência da República em uma sucessão de escândalos e notícias negativas.

Nos últimos trinta dias caíram dois ministros por fortes suspeitas de irregularidades. O primeiro foi o ex-titular da Casa Civil, Antonio Palocci. Na semana passada, saiu o responsável pelo Ministério do Transporte, Alfredo Nascimento.

Acusado de ser um dos comandantes do esquema dos aloprados, em 2006, o atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, balançou, não caiu, mas ficou com a credibilidade bastante ameaçada. Um ex-petista, integrante do esquema, o imputa pela chefia da tentativa de armação contra o ex-governador de São Paulo José Serra.

Além dos casos de desvios éticos, por falta de recursos, a presidente foi obrigada a fazer um corte de R$ 50 bilhões no orçamento, prejudicando o andamento de obras e mesmo transferências para a área social.

Mesmo com o recuo em junho, a inflação anualizada chegou a 6,71%, distante do centro da meta determinada pelo Banco Central de 4,5% e acima da meta de 6,5%.

Com o objetivo de fazer as obras da Copa finalmente andarem, o governo muda a lei de licitações abrindo espaço para o superfaturamento e o desvio.


Para completar o resumo (parcial) desses seis primeiros meses de mandato, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 37 dos 38 réus do mensalão. O ex-presidente do PT, José Dirceu, pode ser condenado no Supremo Tribunal Federal por formação de quadrilha e corrupção ativa, uma pena que varia de 19 a 111 anos.

Uma visão superficial das últimas notícias poderia levar à seguinte conclusão: a presidente Dilma Rousseff está concertando os erros equívocos cometido pelo sucessor.

Essa análise é um grande erro. Na verdade, boa parte dos abusos cometidos pelo último governo teve como objetivo primordial eleger a então desconhecida Dilma Rousseff para a Presidência da República. Outros erros que estão em reparo agora são em ações que eram comandadas pela própria Dilma enquanto ministra da Casa Civil.

Tanto a inflação como a exigência de corte no orçamento são frutos do descontrole de gastos do governo no ano passado. Superada a crise financeira de 2009, o Executivo continuou com as torneiras abertas com o objetivo de financiar artificialmente um quadro econômico favorável à eleição de Dilma. Agora, com o objetivo cumprido, é hora de pagar a conta.

O governo Lula comemorou muito a realização da Copa no Brasil, mas parece ter se esquecido de fazer os projetos e as obras necessárias. Dilma enquanto “gerentona” do Planalto era a responsável.

Há mais de dois anos se sabe que privatizar seria uma solução para o caos nos aeroportos. A decisão foi adiada para não se transformar em um problema eleitoral. Agora pode ser tarde.

Os envolvidos nos últimos escândalos eram todos colaboradores próximos de Dilma. Palocci, por exemplo, foi o seu principal coordenador de campanha. Dirceu também atuou fortemente nos bastidores. Ambos não são, apenas, uma herança de Lula. Foram úteis.

Demitido, o ex-diretor do DNIT, Luiz Antonio Pagot avisa: quem cuidava de 90% do orçamento da autarquia era um integrante do Partido dos Trabalhadores, Hidelbrando Caron. Ou seja, se há desvios na pasta, não é apenas de responsabilidade do Partido da República, agremiação de Alfredo Nascimento.

Ao fazer uma limpeza nos Transportes, Dilma Rousseff pode querer passar uma imagem de que não teria nada a ver com o que aconteceu. Mas, como “mãe do PAC”, desde 2007 é supervisora da maioria das ações que ocorreram por lá. Se sempre houve desvios e superfaturamentos e só agora tomou providências, no mínimo não foi uma boa administradora.

Já está ficando claro que Dilma Rousseff nunca foi a grande gerente que se tentou vender ao País. Também não possui traquejo para lidar com o Congresso e não conta com o talento de manipulação popular de seu sucessor (o que seria até uma virtude).

A presidente precisa corrigir o prumo de seu governo, mas não deveria passar a impressão de que não é responsável por boa parte dos descalabros que precisa enfrentar.

Fonte: Blog Democratas


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