sexta-feira, 22 de julho de 2011

'Estamos sem tempo', diz Obama sobre acordo para evitar calote



Líder republicano decidou abandonar negociações com a Casa Branca. Governo precisa de acordo para aumentar teto da dívida e evitar calote.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta sexta-feira (22) que o porta-voz da Câmara e líder do partido Republicano, John Boehner, abandonou as negociações para um plano de redução da dívida dos Estados Unidos, e que o tempo para chegar a um acordo está acabando.

"Estamos sem tempo", afirmou o presidente em discurso na Casa Branca.

O presidente afirmou que convocou Boehner, os líderes da maioria do Senado, Larry Reid, da minoria na mesma casa, Mitch McConnell, e a líder da minoria na Câmara, Nancy Pelosi, para uma reunião na manhã deste sábado, quando eles serão chamados a "explicar como vamos evitar o calote".

"Eu continuo confiante de que vamos conseguir uma extensão no limite da dívida e não vamos declarar default", afirmou Obama.

Obama afirmou ser difícil entender por que Boehner decidou deixar as negociações. "O que tínhamos oferecido era um plano com mais de US$ 1 trilhão em cortes, domésticos e de defesa, mais US$ 650 milhões em cortes em seguridade social, Medicare, Medicaid (programas de saúde)".

De acordo com ele, o plano rejeitado por Boehner atendia mais aos interesses dos republicanos que o plano do "Grupo dos Seis", que vem sendo negociado por parlamentares republicanos e democratas.

Em uma carta enviada aos congressistas, segundo a rede de televisão "CNN", Boehner afirmou que as conversas haviam se tornado inúteis como resultado da determinação de Obama de elevar impostos. "O presidente é enfático de que os impostos devem ser elevados", afirmou o parlamentar.

Escolhas difíceis
Mais cedo, em discurso na Universidade de Maryland, Obama afirmou que estava preparado para fazer "escolhas difíceis" por um acordo de redução da dívida e evitar que o país entre em default, mesmo em meio a alertas de democratas para que Obama não faça muitas concessões.

"Estou propenso a assinar um plano que inclui escolhas difíceis, algo que não faria normalmente, e há uma série de democratas e republicanos no Congresso, os quais acredito desejarem a mesma coisa", disse ele.

Sem que um acordo pareça iminente, Obama enfrentou um número crescente de queixas dos próprios democratas sobre a formação de um acordo que poderia representar dolorosas restrições à saúde pública e programas ligados à previdência, mas não elevariam impostos imediatamente.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, reuniu-se nesta sexta-feira com o chairman do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, e com o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, para falar sobre as implicações de um fracasso do Congresso em elevar o teto do déficit.

Eles permaneceram confiantes de que o Congresso agirá a tempo, afirmaram em comunicado conjunto.

Senado
O Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta sexta-feira (22), por 51 votos contra 46, o plano de equilíbrio orçamentário que havia sido aprovado na terça-feira pela Câmara de Representantes.

Ao impedir que a proposta siga em frente, os democratas esperam agilizar o processo para chegar a um compromisso aceitável para aumentar o teto da dívida, atualmente em US$ 14,29 trilhões, algo que deve ser concluído antes do prazo final de 2 de agosto.

O plano, chamado de “corte, limite, equilibre”, foi proposto pelos republicanos e propunha reduções imediatas e drásticas das despesas, bem como restrições para gastos federais no futuro. Além disso, condicionava a ampliação do teto de endividamento do país ao equilíbrio orçamentário.

Era esperado que o plano não seria aprovado pelo Senado, onde os democratas são maioria. Além disso, o presidente Barack Obama havia afirmado que o vetaria.

O plano
O plano aprovado na noite de terça-feira na Câmara dos Deputados dos EUA, por 234 votos a 190, permitiria elevar o teto da dívida do país e evitaria um calote. Não é o plano que foi elogiado mais cedo pelo presidente Barack Obama.

O plano, formulado pelo partido Republicano, permite a elevação do teto da dívida dos EUA em US$ 2,4 trilhões caso o Congresso concorde com um corte de gastos de US$ 111 bilhões no próximo ano; limite os gastos nos próximos anos a uma determinada porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) e aprove uma emenda à Constituição referente ao orçamento.

A proposta objetiva forçar a retenção fiscal sobre todos os congressistas, mudando as regras de despesa total. O plano não engloba o Medicare (assistência de saúde para idosos) ou a Segurança Social de maneira direta, que devem ter déficits significativos no futuro.

Plano do "Grupo dos Seis"
Em pronunciamento feito na tarde da terça, Obama afirmou que o os congressistas "não têm mais tempo para gestos simbólicos". Ele voltou a defender um "acordo amplo" e disse querer que os líderes do Congresso comecem a elaborar uma solução final para a questão do déficit na quarta-feira. Obama afirmou também que os mercados financeiros estão confiantes que as lideranças de Washington "não vão atirar a economia de um penhasco".

O líder norte-americano elogiou o plano de longo-prazo apresentado na terça-feira pelo grupo de seis senadores americanos, democratas e republicanos, conhecidos como o "Grupo dos Seis", que prevê um montante de redução de gastos de cerca de US$ 3,7 trilhões em dez anos.

A proposta incluiria ainda reformas em programas sociais como o Medicare e mudanças no Código de Impostos e na Seguridade Social. Segundo a rede CNN, o plano acabaria com as brechas fiscais, mas também reduziria as taxas de impostos para corporações e indivíduos. Além disso, reduziria os gastos do governo.

Segundo Obama, a proposta está "globalmente conforme à abordagem" defendida pelo governo. Obama manifestou apoio aos esforços do grupo bipartidário de senadores e disse que a proposta "é uma boa notícia", que pode ajudar a movimentar as negociações quanto ao teto do endividamento. O presidente instou o líder da maioria no Senado, Harry Reid, um democrata, e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, a iniciarem conversas francas sobre a proposta.

Corrida contra o tempo
O governo dos Estados Unidos está correndo contra o tempo para não colocar em risco sua credibilidade de bom pagador. Se até o dia 2 de agosto o Congresso não ampliar o limite de dívida pública permitido ao governo, os EUA podem ficar sem dinheiro para pagar suas dívidas: ou seja, há risco de calote.

Em maio, a dívida pública do país chegou a US$ 14,3 trilhões, que é o valor máximo estabelecido por lei. Isso porque, nos EUA, a responsabilidade de fixar o teto da dívida federal é do Congresso.

*Com informações da Reuters, do Valor Online e da Agência Estado

Fonte: G1

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