segunda-feira, 11 de julho de 2011

Banho de sangue toma conta de Salvador



Joilson Viana Nascimento, Pedro Cruz Nogueira, Gilson Arlindo da Silva, Elinalva Martins dos Santos... A imensa lista, que parece de chamada, em vez de presença, contabiliza mortos. Assassinados. Na sua, na nossa cidade. Só este ano. Os nomes da triste relação vão passando e é como se, a cada linha, se ouvissem os tiros, as facadas, os gritos de pânico. Uma, duas, três... Mil vezes. Ao ser assassinado ontem, Wesley Morais Oliveira, 23 anos, passou a ocupar a milésima linha da relação de mortos por homicídio em 2011, em Salvador e Região Metropolitana (RMS), segundo boletim diário disponibilizado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) desde 17 de janeiro. As informações são do jornal Correio.

Em disurso feito na semana passada no plenário da Câmara Federal, o deputado ACM Neto (DEM) culpou o governador Jaques Wagner pela onda de violência que tomou conta de todo o estado desde 2007, quando o petista tomou posse. Para Neto, Wagner não pode dormir tranquilo diante do banho de sangue revelado pelo Correio. O jornal coletou os dados da SSP, analisou-os dia a dia e produziu uma série de reportagens. No estudo, constata-se que, em média, uma pessoa é assassinada a cada quatro horas e 12 minutos em Salvador e RMS, que 90% dos mortos são homens, que a região recordista em assassinatos é o Subúrbio Ferroviário e que o dia da semana mais violento é o domingo. Entre os cinco dias com mais mortes no ano, quatro são de fim de semana. O mês com mais mortes é maio, mas fevereiro tem média diária mais alta - 6,54 assassinatos/dia. As vítimas têm aproximadamente 28 anos, em média, e a lista de mortos inclui ainda 67 menores de idade e dez idosos.

A relação nominal dos primeiros 16 dias do ano foi solicitada à SSP, mas o pedido não foi atendido. Em balanço mensal, a secretaria informa que em janeiro morreram 179 pessoas. Descontando desse número as 87 mortes da lista nominal divulgada desde 17 de janeiro no site da SSP, somam-se, então, mais 92 pessoas mortas. As estatísticas colocam a capital baiana (isolada da RMS) à frente da maior cidade do país - em números absolutos. Mesmo com uma população de 11,2 milhões de pessoas (contra 2,6 milhões em Salvador), São Paulo registrou, de janeiro a maio deste ano, 414 vítimas em homicídios. Em Salvador, no mesmo período, foram 642 mortos - 55% a mais.

Estudo realizado em 2008 pelo Instituto Sangari, vinculado ao Ministério da Justiça, mostrou que, naquele ano, Salvador, com taxa de 60,1 homicídios por 100 mil habitantes, era a quarta capital mais violenta do país, atrás somente de Vitória (73,9), Recife (85,2) e Maceió (107,1). O cálculo realizado pelo Correio com base nos dados do IBGE e em relatórios de homicídios da SSP de 2010 mostra que no ano passado essa taxa aumentou para 61,26 homicídios/100 mil habitantes. Este ano, porém, a tendência é de uma pequena queda. Considerando os números de 17 de janeiro até ontem, Salvador encerraria o ano com 57,37 homicídios/100 mil habitantes. Na RMS, a taxa é maior - 65,82.

Fonte: www.acmneto.com.br

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