quinta-feira, 28 de julho de 2011

COLUNA A TARDE: SAMUEL CELESTINO - MOVIMENTO DE LULA SINALIZA 2014




Tal como aqui na Bahia já observado na sua recente passagem, Lula está de volta à cena político-eleitoral despertando o que seus amigos mais próximos não dizem e, naturalmente, muito menos ele: a forte impressão de que pretende candidatar-se em 2014. Ele é, sabidamente, encantado pelo poder. A sua ida a Santo Amaro da Purificação para beijar a mão de D.Canô foi um movimento típico, robustecido com uma esticada a Pernambuco, além de ter avisado que pretende percorrer o País.

É na Bahia que ele tem mais votos e é em Pernambuco onde está o seu berço natal. De resto, os dois estados são a principal porta do Nordeste onde a musculatura eleitoral do petista está mais bem definida. Há outros sinais nada sutis, mas Lula nada dirá. Basta lembrar que ensinou a Dilma uma frase que ela usou e abusou, frase de cunho popular, para não revelar a candidata que todos sabiam que seria: “Não revelo isso nem a pau.”

De qualquer modo é uma movimentação precoce. Ele, no entanto, está enxergando, como todos estão, um fato bem visível: há um processo aberto que atinge em cheio os seus dois períodos no comando da República onde alcançou notável popularidade mas, em contrapartida, foi desleixado com a ética e a honestidade que podem aluir, senão estancar, o crescimento do PT no País.

Assim posto, a sua antecipação no jogo político pode lhe render algumas vantagens: a primeira delas é a de aparecer aos holofotes da mídia que por ele não nutre o menor amor, e vice versa. Mas o tem como notícia compulsória que ele seguramente sabe que é diante da dimensão popular que possui. Um segundo aspecto pode estar numa sinalização em direção à aliança partidária que formou e que permanece, aos trancos, nesse início de gestão de Dilma Rousseff. A presidente não agrada os políticos que se acostumaram com a acomodação de Lula, no seu estilo marcado pelo não ver, não ouvir e não saber de absolutamente nada, muito menos da corrupção que marcaram os seus dois períodos.

Dilma Rousseff está a realizar uma cruzada contra a gatunagem republicana. Pessoalmente, a presidente comanda o que pode ser o início de um processo de lavagem, como está a acontecer no Ministério dos Transportes. Em Brasília, os políticos e seus partidos (como é exemplo o PR) tremem diante de uma pergunta que está no ar: depois do MT, qual será a toca de ratazanas que a presidente enfrentará? Ela dará sequência ao processo de desmontagem da roubalheira ou vai parar onde está? Ainda no final da semana que passou, o líder do PMDB, Henrique Alves, estocou-a afirmando que o seu partido não corre o menor risco. Em outras palavras, o principal aliado do PT seria intocável pela dimensão expressa por seus integrantes no Congresso Nacional.

Sem o apoio do PMDB Dilma perderá a governabilidade, mas, se quiser, poderá realizar pequenas cirurgias, aqui e ali, de modo que a legenda não se julgue além de sócia do poder também sócia das arcas do tesouro. Se a situação se tencionar, basta vazar informações confidenciais que desaprumem o partido, vulnerando-o a partir da imprensa. Portanto, Lula terá que medir os seus passos e as suas ações para não trincar relações partidárias. Não lhe interessa politicamente desestabilizar ou fragilizar a governabilidade de Dilma. Se isso acontecer ele perde e perde muito. Assim talvez a ele baste a movimentação que faz gerando a incógnita de uma possível candidatura em 2014. Ficará em cena como uma sombra segurando os seus aliados e se fazendo lembrar pelo seu eleitorado.

Por ora, o combate à gatunagem talvez não lhe agrade, até porque se transformou, ao que parece, na “herança maldita” que legou a Dilma. Como se observa, o ex-presidente evita tecer considerações a respeito do principal assunto da República. Faz de conta que não vê, conforme o seu estilo.

A possível candidatura de Luiz Inácio para um terceiro mandato presidencial foi confirmada, em off, por diversos petistas de destaque no partido, virou comentário desta quarta feira na imprensa, mas pode ser que, por ora, não passe de uma mexida na política nacional para desviar o foco dos seguidos escândalos que surgem na mídia.

Na verdade, também na oposição há movimentos e o principal deles vem de Minas. Aécio Neves sequer precisa dizer que é o candidato do PSDB.

(Samuel Celestino)

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