quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Coluna A Tarde: O pequeno grande Pedro Novais



Extraordinário na esgrima sexual, absolutamente zerado como conhecedor dos assuntos do turismo, indiferente à ética como homem público no que se reporta à utilização de verbas e na nomeação para servi-lo como marajá maranhense, supostamente integrante do grupo de amigos de José Sarney, o Magnífico, o ministro do Turismo, Pedro Novais (ver notas abaixo) entregou os pontos. Apresentou à presidente Dilma Rousseff o seu pedido de demissão.

Nem uma dúzia de Viagra utilizada a um só tempo sustentaria a valentia de Novais. Do alto dos seus 81 anos, melhor, da baixeza desta idade já que é um homem de estatura pequena, não reagiu às muitas denúncias que o envolveram em todas as dimensões imagináveis no manejo dos recursos do tesouro. Pedro Novais se retirou envolvido numa nuvem de corrupção, marcando mais um traço na carabina de Dilma Rousseff, a campeã (explícita) de ministros descaminhados. Muito bem, caiu Novais e abriu-se espaço para que o chefão do PMDB, o vice-presidente Michel Temer, conhecido por uma facção da política baiana já dispersa como “Mordomo de casa de Terror.”

Temer é bom no gatilho. Não ouve, atira, determina, escala. E, no seu primeiro movimento, teria escolhido dois nomes para que um fosse ungido, de modo a entronizar no cargo. Um deles o baiano Geddel Vieira Lima, adversário do governador Jaques Wagner, que, ao tomar conhecimento dos rumores em torno do seu nome, negou. O segundo teria sido o ex-deputado já sem voto Moreira Franco, do Rio. O PMDB, quem diria, de pacificado nos seus interesses, reagiu. Os seus deputados da ala jovem se rebelaram em defesa de um nome que represente a faixa etária que integram. Afinal, se caiu, ou estava para cair o velho, mas viril Pedro Novais, por que não um jovem para substituí-lo, e com mais volúpia para ver o mundo em missão do Ministério de Turismo?

Está aí então o velho PMDB cansado e trôpego, muito distante do que foi o partido de Ulysses Guimarães, em guerra interna. A definição do nome é questão de horas, se é que já não fui atropelado pela nova mídia que reage em tempo real. Mas não importa. O que vale é a guerra no PMDB, o infortúnio de Pedro Novais que poderia estar nos seu quieto lazer freqüentando motéis da vida, enquanto os jovens peemedebistas querem o cargo. Afinal, todos têm o direito de se lambuzar.

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PRIVATIZAÇÂO

É inadmissível sequer pensar numa hipótese que extrapola o absurdo que seria a privatização do Elevador Lacerda, principal cartão postal da Bahia. Mas se a Prefeitura de Salvador, por idéia do secretário municipal de Transportes (que é ele?), pensa assim, extrapolando os valores maiores da cidade, e enfileira, ainda, no mesmo propósito os planos inclinados (sempre parados), oferece-se, daqui, um complemento à loucura.

Por que, no embalo pirado, não se privatiza também o Farol da Barra, a Lagoa do Abaeté (já invadida por grileiros), o mirante do Humaitá, o Forte do Mar (São Marcelo), a praia do Porto da Bahia, a Igreja do Bonfim (com permissão da igreja) e, afinal, a própria prefeitura?

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O BRAVO PEDRO-I

Este ministro do Turismo, Pedro Novais, 81 anos, nada sabe de turismo, mas se sustenta no cargo por ser amigo de Sarney, maranhense que é. Trata-se de uma anedota bem brasileira com rótulos que o levam do aproveitamento indecente das verbas públicas à desfaçatez não menos indecente de freqüentar motéis com grupo de garotas. Pior, grotescamente, o ministro, cuja pasta está mergulhada em atos de corrupção e desvios de recursos, seria uma afronta à indecência e à moralidade pública em qualquer País. O Brasil, naturalmente, é uma exceção.

A esbórina com as garotas em motéis estaria, mesmo com a sua idade, dentro de uma normalidade aceitável se ele não tivesse o desplante de reunir as notas dos gastos e encaminhar à Câmara dos Deputados para ressarcimento do seu prazer. A Câmara também paga coisas como tais, dentro do amplo leque de permissividade que ostenta. O bravo e audacioso Pedro foi além. Transformou a sua governanta do apartamento em que mora em secretária particular do seu gabinete parlamentar. Para completar, sua mulher, de 65 anos, que não é da Câmara, usa um funcionário do Legislativo como seu motorista particular. Dia e noite. Continuará ministro? Não. Até a hora em que fechava esta coluna Pedro estava na sua. Baleado, mas estava.

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O BRAVO PEDRO-II

A empregada Doralice Bento de Souza estava na folha da impoluta Câmara dos Deputados. De 2003 a 2010, época em que exerceu o mandato federal pelo Maranhão. Foi nomeada pelo audaz Pedro, o Grande. Suas tarefas como assessora eram fugazes: cozinhava, organizava a casa e chefiava a faxina das diaristas, conforme se informa.

Diante da virilidade do ministro, surgiu na imprensa uma pintada de mordacidade: Dora “dormia com alguma frequência na casa de Novais e acompanhava a família ao Rio, onde o ministro tem um apartamento, e ao Maranhão.” Nada a ver com motéis. Trata-se de assessoramento à família do novo símbolo do garanhão brasileiro. O ministro bate o pé e diz que ela trabalhava no seu gabinete e não no apartamento, mas foi possível comprovar-se que mentia. Grande Pedro! Ministro de Turismo para ninguém botar defeito. Sem limites para nada, o maranhense Pedro Novais é demais. Merece uma estátua em forma daqueles exus safados que são vendidos a turistas no Mercado Modelo.

*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta quinta-feira (15).

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