Um brasileiro, o embaixador Roberto Azevêdo, foi
eleito ontem diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), após
vencer o mexicano Hermínio Blanco.
O governo do PT, com alguma razão, tentará obter todos
os louros da vitória. Alega que o êxito é fruto de um longo trabalho de
aproximação com países pobres e emergentes, ditaduras da Ásia e da África
incluídos. Essas nações apoiaram o embaixador.
A conclusão é controversa porque o currículo de
Azevêdo, para alguns analistas, já seria suficiente para conquistar o cargo.
De qualquer forma, é a primeira vez que os chamados
países ricos não conseguiram indicar um presidente para a OMC.
Mesmo tendo conquistados cargos importantes como no
caso da OMC ou também da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO), as ações de política externa no País ainda não se
transformaram em ganhos efetivos para os brasileiros.
Por exemplo, nos últimos 20 anos, o Brasil só fechou
acordos bilaterais com três países: Israel, Palestina e Egito. Enquanto isso,
no resto do mundo, houve outros 543 acordos laterais e regionais.
Nesse meio tempo, países como o Chile fecharam 21
acordos comerciais, o México, 13, o Peru, 12, e a Colômbia, 11. No caso da
América do Sul, em boa parte embalados pelos tratados, Peru, Chile e Colômbia
cresceram em média 5% em 2012. O Brasil, 1%.
De tudo o que se compra no mundo, apenas 1,3% são
produtos brasileiros.
Mas, além de obviamente se preocupar com o Brasil,
Roberto Azevêdo tem importantes missões na OMC. Uma delas é romper o bloqueio
de países ricos com relação aos nossos produtos agrícolas, muito mais
competitivos do que os deles.
Mas o Brasil também precisa fazer sua parte. O País é
uma das economias mais fechadas do mundo. Apenas em subsídios para aquecer
nossa indústria serão gastos R$ 150 bilhões no biênio 2013/2014.
Em um documento enviado à OMC, em abril, os governos
de EUA, Japão e União Europeia deixam claro que consideram
"preocupantes" as medidas adotadas pelo Brasil nos últimos meses em
diversos setores e pedem explicações.
Enquanto isso, já estão em cursos negociações entre a
União Europeia e os Estados Unidos que buscam um acordo para abranger
transações comerciais que superam US$ 2 bilhões por dia. Só de remoção de
impostos, os valores somariam US$ 180 bilhões anuais.
A primeira grande missão de Roberto Azevêdo será em
Bali, em novembro. Terá como desafios diminuir entraves burocráticos ao
comércio e questionar subsídios à agricultura.
Com um partido que defende de maneira aberta o
livre-comércio, o Democratas deseja boa sorte a Roberto Azevêdo. Que
a vitória do Brasil seja de todos brasileiros.
Fonte: Assessoria Democratas
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