quarta-feira, 15 de maio de 2013

O governo segue privatizando (MAL)




A ainda periclitante tentativa de aprovação da chamada Medida Provisória dos Portos, na Câmara dos Deputados, pode ser interpretada em um contexto mais amplo: cada vez mais o governo tem aberto o controle da economia para a iniciativa privada.

Com relação aos portos, por exemplo, na intenção inicial do governo, os terminais de uso privado deixariam de ter a obrigatoriedade de movimentar somente carga própria.  

Ontem, também, houve concessão não só à Petrobras, mas à iniciativa privada, de vastas áreas para exploração de petróleo. Após cinco anos de paralisia, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) arrecadou R$ 2,8 bilhões na 11ª Rodada de Licitação de áreas para exploração de petróleo e gás. Os valores totais dos investimentos podem chegar a R$ 7 bilhões.

Arremataram lotes empresas de capital nacional como a  OGX, Petra, além de multinacionais como a ExxonMobil, Total e BP.

Um detalhe que faz toda a diferença: a rodada de licitação de ontem ocorreu sob a égide da lei de petróleo de FHC. Não são ainda de áreas do pré-sal.

Para realizar as licitações do pré-sal, o governo ainda precisa resolver o imbróglio da divisão dos royalties do petróleo no Congresso, causado exatamente pela decisão apenas ideológica de mudar a lei de FH.  

 Há muitos outras concessões na fila. A previsão é que empresários da iniciativa privada controlem 7,5 mil km de rodovias, as novas ferrovias a serem construídas, assim como já ocorrem com alguns dos mais importantes aeroportos brasileiros.

Podemos dizer que as ideias da gestão federal PSDB/Democratas venceram, apesar de, cinicamente, haver ainda o risco de o Partido dos Trabalhadores tentar insistir no tema em campanhas eleitorais futuras. Caso isso ocorra, é preciso denunciar a fraude com mais vigor.

Mas, antes disso, o PT terá que explicar suas próprias tentativas de privatizações. São mal feitas e tumultuadas, como é o caso da atual tramitação da MP dos Portos.

 A obscuridade nas negociações da MP, a troca de acusações entre uma base rachada, a desorientação do governo,  as suspeitas de negociatas, foram tantas, que obrigaram o Democratas a se posicionar contra uma medida que poderia até ser bem vinda caso houvesse melhor coordenação do governo.

Veja vídeo em que o líder do Democratas, Ronaldo Caiado, condena as acusações do deputado Anthony Garotinha contra o Congresso: http://migre.me/eyuBu

Nas concessões de ferrovias e rodovias, o governo também enfiou o pé pelas mãos ao tentar tabelar a taxa interna de retorno dos projetos, para depois  voltar atrás.

As mudanças de regras constantes aumentaram a insegurança dos investidores que, naturalmente, passaram a exigir um maior retorno para cobrir o “risco governo”.

A verdade é que setores que ainda dão as cartas no PT tem ranço do setor privado. Mas, devido à própria má-gestão, ficaram com um Estado pesado e sem recursos para investir. Não encontraram mais saídas além do repasse do controle de bens públicos ao setor privado.

Ocorre que o governo que mais arrecada em todos os tempos não tem mais dinheiro para investir. No ano passado, investiu apenas 1,1% do PIB, praticamente o mesmo que no ano anterior e menos do que em 2010. 

Se não repassar os bens públicos para o setor privado, o país ficará paralisado, concluíram nossos governantes. De maneira atabalhoada, sem qualquer autocrítica, sub suspeita de negociatas, o governo pelo menos jogou uma ideologia podre para debaixo do tapete. Falta só jogar no lixo.

Fonte: Assessoria Democratas 

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