A ideia, sem dúvida, foi genial: uma ação de governo que se
aproveitasse do resultado de todos os agentes econômicos do País.
Empreendimentos privados, ações públicas, pedidos de
financiamentos, planos para o futuro, projetos mirabolantes que nunca sairão do
papel. Tudo isso seria encampado sob uma única marca, um único slogan. E o
governo ganharia sozinho.
Nascia assim, em 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Agora atende pelo nome de PAC 2, apesar de o PAC 1 ter se mexido menos
do que se divulgou.
Apenas devido ao artifício de colocar todo o Brasil sob um mesmo
guarda-chuva que o governo pôde fazer como na última segunda-feira. Chamou a
imprensa e anunciou que a quantidade de investimentos do PAC 2, de 2011 até
agora, é de R$ 557,4 bilhões.
Mas o que está por trás desse resultado de fato impressionante do
PAC?
Para começar, R$113,9
bilhões foram de ações de
entes privados. Empresários que acreditam no País apesar da alta
carga-tributária, das estradas em péssimas condições da falta de ambiente
competitivo para investir.
Outros R$ 178
bilhões correspondem a
financiamentos habitacionais, dinheiro que deverá ser pago de volta pela a
população.
Já R$ 152,2 bilhões são de investimentos de empresas estatais, que salvam o PAC de um vexame maior.
A assessoria de orçamento do Democratas fez uma consulta junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) para saber qual é, finalmente, o papel do Tesouro no PAC 2.
Resultado: o valor corresponde a R$
50,6 bilhões, 9,1% do número
total anunciado na segunda-feira pela ministra do Planejamento, Miriam
Belchior.
Pode se concluir que o PAC bem menor do que o governo diz que é.
E esse valor de cinquenta bilhões ainda revela má-gerência
orçamentária, pois equivale a somente 32,8% dos R$
154,3 bilhões reservados para
o PAC nos orçamentos de 2011 a 2013.
Para chegar ao montante de R$
50 bilhões, o governo ainda se aproveita de R$ 994 milhões de restos a pagar de anos
anteriores a 2010, que oficialmente pertencem apenas ao PAC 1. Mas o que são 1
bilhão quando se aproveitam indevidamente de muito mais de cem bilhões?
No fim das contas, sobra muito pouco para os 39 ministérios de
Dilma Rousseff investirem em algum lugar. O que diz o SIAFI:
· O Ministério da Ciência e Tecnologia
só investiu 17,5% do que se previa de 2011 até agora.
· O Ministério do Trabalho, 35,6%;
· O Ministério do Desenvolvimento
Agrário, 13,8%;
· O Ministério das Cidades, 36,6%;
· O Ministério da Integração Nacional,
22%.
Já o suposto grande número de obras concluídas (54,9%), deixa de
lado as principais ações do PAC como a Transposição do rio São Francisco, as
ferrovias Transnordestina e Norte-Sul, a refinaria Abreu e Lima, entre outras,
que estão sem prazo para terminar, apesar de previstas para 2010.
Por essas e outras, desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu,
o Brasil foi o País que mais retrocedeu no ranking de competitividade do World
Competitiveness Yearbook (IMD): 13 posições desde 2010. Atualmente, o País
ocupa a 51ª posição em sessenta países. A impossibilidade de exportar a
superssafra obtida este ano é uma evidência lamentável do gargalo competitivo.
A verdade é que ao lado de maquiagens orçamentárias e divulgações
pirotécnicas do PAC, convivemos com grandes obras paradas e atrasadas em todas
as regiões do Brasil. O que funciona no PAC, não é o PAC do governo.
Como afirmou o presidente do Democratas, José Agripino: “Apesar do esforço em mostrar um
País em movimento, o governo do PT é apenas bom de promessa, e propaganda, mas
ruim de entregar obras prontas”.
Fonte: Imprensa Democratas
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