quarta-feira, 5 de junho de 2013

O perdão aos ditadores facínoras



Aos olhos do mundo e dos próprios brasileiros, o governo tentou passar a imagem de magnânimo e solidário ao anunciar o perdão das dívidas de 12 países africanos, no total de US$ 840 milhões.  

O anúncio ocorreu semana passada, na Etiópia, durante a visita da presidente Dilma Rousseff, que tirou foto sorridente com os líderes africanos presentes.

Mas a história verdadeira, soube-se depois. Boa parte dos presidentes dos países ajudados é composta por facínoras que além de estarem milionários (ou bilionários) se notabilizaram por massacrar habitantes de suas próprias nações.

Por exemplo, Denis Sassou Nguesco, presidente do Congo-Brazzaville, é um bilionário com 16 imóveis em Paris, na França. Enquanto isso, 70% da população do país vive com menos de US$ 1 por dia. O patrimônio pessoal de Nguesco é maior do que a dívida perdoada de US$ 352 milhões.

Outro perdoado pelo Brasil, Teodoro Obiang, presidente da Guiné-Equatorial, comprou um tríplex de 2 mil metros quadrados na avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro, avaliado em US$ 10 milhões em 2010. Foi considerada a maior transação imobiliária da história do Rio de Janeiro envolvendo um imóvel particular.  

Ditador da Guiné Equatorial há 34 anos, Obiang ainda possui uma frota de 32 automóveis de altíssimo luxo como Rolls-Royce, Ferrari, Porsche, entre outros. Mesmo assim, matinha o calote na dívida de US$ 12 milhões com o Brasil.

Outro presidente na lista do perdão, o líder do Sudão, Omar al-Bashir, está há 24 anos de poder como um ditador sanguinário. Acumula dois mandados internacionais de prisão e US$ 9 bilhões em paraísos fiscais, segundo um promotor do Tribunal Penal Internacional. Sua dívida perdoada é de US$ 43 milhões – nada a comparada a seu patrimônio.

Mas a mão amiga do Brasil na cabeça dos ditadores africanos não foi de graça. Serve para atender interesses bem específicos. Empresas brasileiras querem atuar nesses países por meio de financiamentos do BNDES. Ocorre que a lei brasileira proíbe benefícios aos países que não tem pagado suas dívidas com o Brasil. O problema seria resolvido com a anistia.

Daí, seria até possível pensar: “tudo bem, estamos ajudando as empresas brasileiras”. Mas, aprofundando-se no assunto, percebe-se mais uma história mal contada: as empresas que querer fazer negócios na África são as mesmas financiadoras de campanha do PT. Fecha-se o ciclo.

Por sorte, o Senado brasileiro, a quem cabe dar a palavra final ao indulto, está atento às tenebrosas transações do governo brasileiro. Ontem, o relator do perdão das dívidas, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), se negou a apresentar seu parecer na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sobre a questão.

Os senadores querem analisar as dívidas caso a caso. Por enquanto, as mensagens presidenciais que já chegaram beneficiam cinco dos 12 países listados por Dilma: Congo-Kinshasa (US$ 4,7 milhões), Congo-Brazzaville (US$ 352,6 milhões), Zâmbia (US$ 113,4 milhões), Tanzânia (US$ 236,9 milhões) e Costa do Marfim (US$ 1,2 milhão).

O presidente do Democratas, José Agripino Maia, foi um dos que questionou a iniciativa do governo. “A dívida de 350 mil inadimplentes do semiárido do Nordeste, que enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos, soma R$ 2,2 bilhões. Mas, ao invés de perdoar, o governo vem renegociando a conta gotas e as dívidas viram bola de neve”, afirmou.


Por trás da boa intenção anunciada, mais uma vez é o governo jogando com a boa-fé das pessoas e tentando se dar bem de maneira não muito republicana. Como se vê, a tentativa do PT é sempre buscar obter dividendos políticos até mesmo em práticas para lá de questionáveis.

Fonte: Assessoria Democratas

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