A coluna
“Política à Flor da Pele” inicia a série “Polemizando com…” que
trará entrevistas com deputados federais e senadores de todo o país, sobre os
assuntos mais polêmicos do cenário político.
A série
começa com a entrevista ao deputado federal ACM Neto (DEM-BA), líder do Partido
Democratas na Câmara dos Deputados.
Polemizando
com…
O deputado federal ACM Neto
Reforma
Política
Daniele Barreto (DB): Embora tenha maioria no Congresso, a
presidente Dilma evita-o. E, como Lula, não possui apetite para qualquer
Reforma relevante. Você já se posicionou pela necessidade da Reforma Política.
Que mudança defende para minimizar os compromissos entre políticos e
financiadores de campanha (compromissos pagos, muitas vezes, pelo Erário)?
ACM Neto: Nós somos a favor de uma
reforma política ampla e que tenha poder de fogo contra a corrupção e os vícios
do sistema eleitoral. Uma das nossas bandeiras é a criação de novo modelo de
financiamento das campanhas, com a adoção de um sistema misto, ou seja, tanto
com dinheiro público quanto privado, que torne as eleições mais justas. Também
defendemos um maior rigor na punição a crimes como abuso de poder econômico e
compra de voto.
Bolsa
Família
DB: O nascedouro dos programas de distribuição de renda foi
o Fundo Nacional de Combate e Erradicação da Pobreza – criado pelo seu avô,
ACM. Recentemente, você apresentou projeto de lei que torna o reajuste do
Bolsa Família anual e automático. Qual a opinião sobre esses programas?
ACM Neto: Sou totalmente a favor do
Bolsa Família e ele é fundamental na Bahia e nos estados do Nordeste e do Norte
do país, principalmente. Agora, tem que ter uma válvula de escape. Os programas
sociais precisam estar atrelados a outras ações como cursos
profissionalizantes, educação em tempo integral, prestação de serviços
qualificados em saúde e educação. Acredito que as pessoas não podem, e não
querem, depender a vida inteira da ajuda do governo.
Oposição
ao governo federal
DB: Quais os riscos, para a Democracia, de termos uma
oposição tão debilitada?
ACM Neto: A oposição pode estar em
menor número, mas é qualificada e tem contribuído de forma decisiva para
apontar os erros do governo e propor soluções. Não fazemos, por exemplo, como o
PT fazia no passado, que era contra tudo só por questões partidárias,
eleitoreiras e mesquinhas. Votamos a favor do governo quando é bom para o país,
e sugerimos melhorias. Isso é amadurecimento. Hoje, com essa onda de adesismo
desenfreado, só está na oposição quem de fato tem compromisso ideológico e
coerência. Isso é bom.
Crise:
base aliada X governo Dilma
DB: A base aliada e o governo vivem um momento tenso, que
culminou na saída dos líderes na Câmara e no Senado. Você é um dos mais bem
conceituados parlamentares do país, e foi reconduzido à liderança do partido;
como você avalia esse momento?
ACM Neto: Acho que a presidente Dilma
Rousseff mudou os líderes para tentar conter a crise que se instalou na base
aliada, em função, sobretudo, da insatisfação e briga por mais espaço nas
estruturas do poder. Mas isso não resolve o problema. O problema é o modo
petista de governar. O PT prefere contemplar aliados com cargos, mesmo que
despreparados para ocupar determinadas funções, do que valorizar a
meritocracia. Para o PT, o que vale é quem indica, e não o preparo que o
cidadão tem para ser contemplado com determinado cargo. As indicações
partidárias devem sim ser levadas em consideração, mas, antes de tudo, a qualificação
do indicado precisa ser levada em conta.
DB: Nos últimos anos assistimos a construção de uma relação
controversa entre o Planalto e o Congresso. Essa cooptação permanente de
parlamentares começa dá sinal sinais de fadiga?
ACM Neto: Creio que sim. Principalmente
à medida que a população vai ficando insatisfeita com esse tipo de jogo, que
origina escândalos e denúncias de corrupção.
Eleições
2010 na Bahia
DB: Deputado, a derrota de Paulo Souto em 2010 teve caráter
pedagógico para o DEM? O que o partido absorveu de lição para 2012?
ACM Neto: Toda eleição tem caráter
pedagógico. Em 2010, o nome mais forte do Democratas para disputar as eleições
era o do ex-governador Paulo Souto. E creio que fizemos uma bela campanha. O
que aprendemos naquela eleição é que a oposição precisa se unir para derrotar o
PT na Bahia. É para isso que estamos trabalhando.
Eleições
Municipais: em Salvador, aliança com o PMDB
DB: Parabenizando o deputado federal Imbassahy pelo anúncio
da pré-candidatura à prefeitura de Salvador, Lúcio Vieira Lima afirmou que as
únicas candidaturas que não representam continuidade da administração de João
Henrique são Imbassahy e Mário Kertész. Você possui indicações no governo, como
Cláudio Tinoco, que promete entregar o cargo em breve. Retirar cargos da
prefeitura agora não seria muito mais uma estratégia “para eleitor ver” do que
de fato a demonstração de um posicionamento antagônico à gestão de João
Henrique?
ACM Neto: A única indicação do
Democratas na prefeitura é a de Cláudio Tinoco, na Saltur. E ele tem feito um
belo trabalho. Tinoco deve deixar em breve o cargo, já que vai ser candidato a
vereador pelo Democratas. Como em 2008, vamos apresentar um projeto novo para
Salvador. Queremos revolucionar a cidade, e isso não é continuísmo. Vamos, como
em 2008, apresentar ideias e projetos novos para a cidade e que resgatem a
capacidade que Salvador já teve no passado de planejamento. O próximo prefeito
de Salvador não poderá cuidar apenas do buraco, da pintura do paralelepípedo.
Isso é importante, mas Salvador merece mais, muito mais.
DB: Esse posicionamento do presidente do PMDB da Bahia
causa desconfortos e obstaculiza a união das oposições?
ACM Neto: Queremos construir a aliança
com o PMDB em Salvador. Essa aliança já está consolidada em outras cidades do
interior, e queremos o mesmo para Salvador. Vamos continuar trabalhando para
que ela aconteça.
Eleições
Municipais 2012
DB: Em 2008, o DEM elegeu 43 prefeitos na Bahia e 434
vereadores (fonte: TSE, 14.03.2012). O cenário político baiano recomenda
expectativas favoráveis ao partido?
ACM Neto: Temos chances reais de
vitória em cidades importantes em 2012, a exemplo de Salvador, Itabuna e Feira
de Santana, só para citar três em que o Democratas tem nomes fortes para
disputar. Também estamos dispostos a apoiar candidaturas de outros partidos que
fazem oposição ao PT. De modo que acredito que vamos superar as expectativas.
Em Salvador, devemos eleger de quatro a cinco vereadores. As condições
políticas e eleitorais são bem melhores que em 2008.
Eleições
2014
DB: O PMDB busca espaço na arena política para viabilizar a
candidatura de Geddel em 2014, o DEM busca o mesmo para o Sr. Esse é o
principal motivo que dificulta a união das oposições na Bahia?
ACM Neto: Claro que a eleição de 2014
passa pela de 2012. Mas, no momento, estamos concentrando todos os nossos
esforços para unir as oposições em Salvador e nas principais cidades do
interior do estado. Eu já revelei que minha vontade é disputar uma eleição
majoritária. Se meu partido me convocar, serei candidato a prefeito de Salvador.
Mas ainda estamos conversando com outros partidos, e o PMDB, que tem o
excelente nome de Mário Kertész, é um deles.
PT
na Bahia
DB: Durante entrevista na Itapoan FM, você afirmou que
Nelson Pelegrino é um candidato a prefeito “limitado”. E profetizou: “não
decolou e nem vai decolar”. Sem agouro, mas depois do PT ter conquistado o
governo do Estado no 1º turno, não seria prudente não menosprezar a força da
máquina estatal (estadual e federal)?
ACM Neto: Não é menosprezo. É a
população de Salvador que tem dito que não quer o PT, que não quer Nelson
Pelegrino. Tanto respeitamos a força do PT que estamos trabalhando pela união
das oposições para que possamos ter chances maiores de derrotar o candidato do
governador Jaques Wagner.
Futuro
do DEM
DB: Qual o impacto da criação do PSD para o Partido
Democratas, nas Eleições 2012, em todo o país?
ACM Neto: Perdemos alguns quadros, mas
os melhores permaneceram no partido. Vamos disputar as eleições de 2012 com
chances reais de crescer.
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