O deputado
federal ACM Neto (DEM) anda agitado nos últimos dias. Tanto em Brasília, onde
está de olho na iminente rebelião da base aliada de Dilma Rousseff, quanto em
Salvador, por conta das negociações em torno de uma candidatura única na
oposição. "É preciso decidir rápido", avaliou. Ao receber o
CORREIO em seu amplo apartamento em Ondina, na noite de quinta-feira, o
pré-candidato democrata a prefeito de Salvador revelou que vem trabalhando como
nunca. "É uma reunião atrás da outra. Não tenho tempo para quase nada, nem
para a vida pessoal. Mas é isso mesmo", disse.
Ao longo de uma hora e meia de entrevista, Neto conversou sobre
os bastidores das negociações em torno da candidatura oposicionista única na
capital e admitiu, pela primeira vez, que toparia ser candidato a vice de
Antonio Imbassahy, "desde que haja critérios". Leia abaixo a
entrevista.
Pergunta - As pesquisas sobre a sucessão em Salvador, até o
momento, o colocam na dianteira Por que ainda existe indefinição na escolha de
um candidato único da oposição? Este critério não é suficiente para torná-lo
candidato natural?
ACM Neto - Estamos desde 2011 tentando
construir uma unidade dos principais partidos da oposição em torno de uma
candidatura comum, que pudesse representar estes partidos já no primeiro turno.
Considero natural e legítimo que cada partido tenha seu pré-candidato. O PMDB
apresentou o ex-prefeito Mário Kertész, pessoa com qualidades, um personagem da
cidade, que acrescenta ao projeto. O PSDB trouxe o nome do deputado e
ex-prefeito Antonio Imbassahy, um grande administrador da cidade, reconhecido,
sem dúvida alguma, e que vem realizando um grande trabalho na Câmara. O
Democratas colocou o meu nome. São três pessoas que possuem virtudes e
condições suficientes de governar Salvador. Mas é evidente que o tempo está
passando e temos que decidir rápido quem será o candidato.
Pergunta - Líderes do PSDB e PMDB costumam dizer nos bastidores
que o senhor vem tentando impor sua candidatura...
ACM Neto - (interrompendo) Nunca impus meu nome.
Sempre disse que gostaria de construir um projeto político amplo, que pensasse
no futuro de Salvador e da Bahia. E é por isso que um processo como esse não
pode surgir fruto de imposições. É muito ruim para o debate democrático quando
um partido traz imposição ou veto. Desde o começo, da mesma forma que admito
ser candidato a prefeito, venho admitindo também a hipótese de apoiar os outros
nomes, mas que pudesse ser escolhido sob critérios objetivos.
Pergunta - E com o PSDB, as relações estão amistosas ou há peças
soltas?
ACM Neto - Totalmente amistosa. O PSDB da
Bahia tem uma figura importantíssima na política, um homem público respeitado,
que é o deputado Jutahy Magalhães Júnior. É um partido que tem o privilégio de
ter um político como o deputado Antonio Imbassahy, que foi fundamental para a
cidade e é preparado e competente para ser prefeito de Salvador. Estamos
procurando aproximar cada vez mais os dois partidos. Democratas e PSDB têm uma
relação histórica. Disputamos as últimas eleições nacionais conjuntamente,
temos parceria em vários lugares do Brasil.
Pergunta - Sendo assim, algo o impediria de ser candidato a
vice-prefeito em uma chapa liderada pelo deputado tucano Antonio Imbassahy?
ACM Neto - Sob critérios, temos que
trabalhar todas as possibilidades. Da mesma forma que se pode cogitar vices
para minha chapa, se houver critério que me leve a ser vice, aceitaria também,
desde que exista discussão.
Pergunta - E o papel das negociações entre tucanos e democratas
em São Paulo vai pesar na decisão em Salvador?
ACM Neto - Uma coisa quero deixar claro:
esse assunto é e será tratado na Bahia. Muito se especula que a negociação
passa por São Paulo, que os acordos estão sendo feitos fora. Isso não existe.
Não queremos que nenhum partido se junte ao nosso por imposição, muito menos
temos intenção de forçar a barra com ninguém. Os nomes do candidato a prefeito
e a vice devem respeitar aquilo que seja melhor para ganhar a eleição, que é
criar a chapa mais competitiva. É preciso que os partidos tenham humildade para
ver qual o melhor caminho.
Pergunta - Então, o que falta para atar as pontas da oposição?
ACM Neto - Nem todos os partidos têm a
mesma posição em Brasília e em Salvador. Alguns partidos fazem oposição ao
governo federal. Outros compõem a base aliada. Isso é o maior empecilho.
Pergunta - Nos círculos da oposição, fala-se que o senhor só
atende ao quesito referente a pesquisas. Mas que lhe faltam maior apoio
político e estrutura para tocar uma grande campanha contra o PT.
ACM Neto - Primeiro, o mais importante são
as intenções de voto. Em relação a apoios partidários, ninguém colocou ainda na
mesa que conseguiu atrair mais do que seu próprio partido. Com relação à
estrutura de campanha, é lamentável que seja um critério. O que temos de fazer
é uma campanha pensando na cidade, e não ir atrás de dinheiro. Claro que
campanha envolve recursos e saberemos legalmente captar o que for necessário
para ter uma campanha bem feita, assim como PMDB e PSDB.
Pergunta - O PR no Senado sinalizou um rompimento com o governo
Dilma Rousseff. Com isso, as negociações com o PR baiano podem avançar?
ACM Neto - Acho que podem. Temos uma
relação histórica com o senador César Borges, presidente estadual do partido. O
PR tem representantes fortes em Salvador. São pessoas com as quais a gente
dialoga. Na medida em que o PR não é contemplado em Brasília, abre espaço para
negociar, mas também tenho certeza que a decisão não vai ser tomada em
Brasília, vai ser tomada aqui.
Pergunta - Arriscaria um prognóstico?
ACM Neto - Não. Da mesma forma que o PR
conversa com a oposição, vai dialogar com outros partidos e pode ainda ter
candidatura própria. Agora, minha expectativa é a de que o PR possa se somar
aos partidos da oposição.
Fonte: www.acmneto.com.br
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