Para
milhões de brasileiros, a transposição do rio São Francisco seria a única
solução para os graves problemas de estiagem que afetam o interior do Nordeste
semiárido há alguns séculos.
O
tema é polêmico, pois há especialistas que discordam da necessidade da obra. De
qualquer maneira, após desprezar todos seus antecessores, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tomou para si a responsabilidade de tocar e finalizar o
empreendimento.
Anunciada
com bastante pompa, marketing e circunstância, a promessa do governo era de que
a transposição do rio São Francisco estivesse pronta em 2010. Com certeza,
ganhou muitos votos comz o compromisso. A transposição tornou-se o maior
empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Hoje,
passado mais de um ano do prazo anunciado, o que se vê são atrasos
generalizados, obras paradas e, sobretudo, aumento exponencial nos custos em
relação ao previsto.
Ocorre
que o valor da transposição, fixado inicialmente em R$ 4,8 bilhões, chegará a
R$ 8,2 bilhões.
Há
também trechos de obras paradas por toda a transposição. Por enquanto, o
empreendimento é um fiasco. Se der tudo certo, as obras irão durar, no mínimo,
mais 45 meses, quase quatro anos.
A
transposição está atualmente paralisada, principalmente, em três trechos: em
Salgueiro (PE), Verdejante (PE) e São José das Piranhas (PB). Mas há outros
locais com o cronograma bastante atrasado.
Um
dos principais motivos para tanta lentidão seria a forma açodada como a obra
tem sido tocada desde seu início. No primeiro mandato do governo Lula, por
exemplo, todos os editais foram cancelados, por erros, pelo Tribunal de Contas
da União (TCU).
Responsável
pela obra, o Ministério da Integração atribuiu o aumento dos custos a
adaptações no empreendimento, em decorrência do detalhamento dos projetos.
Agora se admite que as ações começaram de forma atabalhoada, sem os respectivos
projetos executivos.
A
transposição possui dois principais canais de abastecimento. O primeiro é o
Eixo Norte, que vai de Cabrobó (PE) a Cajazeiras (PB), possui 402 quilômetros,
com apenas 44% das obras prontas.
O
segundo é o Eixo Leste, de 220 quilômetros, que começa na cidade de Floresta
(PE), e termina em Monteiro (PB), com 70% concluídos. Apesar do estágio
avançado, 2011 foi o 5º ano seguido que o TCU encontrou problemas na obra, como
superfaturamento de preços e fiscalização deficiente.
Algumas
construções da transposição foram erguidas com base em rascunhos e esboços.
Trata-se do melhor retrato de improvisos comuns nos governos petistas.
Na
última sexta-feira, uma comissão formada por deputados da oposição visitou as
obras de transposição do rio São Francisco, no município de Mauriti
(CE). O trecho deveria ser concluído este ano, no entanto, de acordo com o
deputado federal Felipe Maia (RN), integrante da comitiva, o que os
parlamentares encontraram foram obras paradas e o descaso do governo federal
com o dinheiro do contribuinte.
O ex-presidente Lula já não havia
deixado a obra bem encaminhada. No final de 2010, a maior parte dos 14 lotes
estava parado. O total de empregados havia caído de 9 mil para 3,9 mil.
Por
causa da falta de projetos, já houve acidente. Em abril de 2011, um túnel de 15
km desmoronou na divisa entre Ceará e Paraíba. Por sorte, não houve vítimas.
Em tese, a transposição poderia beneficiar 12
milhões de pessoas. Até agora, nenhuma gota de água foi distribuída, mas, com
certeza, já conseguiram mais de 12 milhões de votos em torno de uma obra que
não consegue sair do papel.
Fonte: Imprensa Democratas
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