A
indústria brasileira foi o principal setor responsável pelo baixo crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% registrado em 2011.
O
crescimento industrial brasileiro ano passado foi de apenas 1,6%. Uma queda
brusca em relação a 2010, quando o índice foi de 10,4%.
E
o índice da indústria só não foi pior por causa da construção civil (3,8%).
Caso se analise apenas a indústria de transformação, o índice é de míseros
0,1%.
Com
esse desempenho pífio, a participação da indústria brasileira no total da
economia regrediu ao patamar de 1956, o e equivalente a 14,6% do PIB.
Há
uma série de fatores que levam a essa situação como a valorização excessiva do
Real, a expansão contínua do agronegócio, a venda de commodities minerais, e a
abertura da economia aos importados.
Mas
também é preciso levar em conta a altíssima carga tributária do Brasil, a
péssima infraestrutura e a burocracia excessiva.
As
exportações também foram afetadas. De acordo com o Ministério do
Desenvolvimento, a venda de manufaturados brasileiros ao exterior caiu de 57%
em 1998 para 36% em 2011, na comparação com o total das vendas.
O
curioso é que o aumento do consumo e da renda tem sido o índice mais vistoso do
PIB (4,8%). Em tese, a indústria deveria se beneficiar com essa conjuntura. Não
é o que ocorre.
Segundo
o colunista do Estado de S. Paulo, Celso Ming, o problema é de
gestão. O governo estimula o consumo, mas com medo da inflação, acionaria as
importações em detrimento da indústria.
Para
lidar com a questão, o governo ainda tem apelado apenas para medidas
superficiais, como isenção tributária a alguns setores, protecionismo na
indústria de veículos, no setor têxtil e nos brinquedos, acirramento da defesa
comercial, além das tentativas, ainda mal sucedidas, em desvalorizar o câmbio.
De
acordo com Celso Ming, também é preciso admitir que a indústria brasileira
precisa lidar com sérios problemas de competitividade. “Insistir em
jogar a culpa no jogo desleal dos chineses, na guerra cambial provocada pelos
países ricos ou nas políticas protecionistas de algumas dezenas de países é
tapar o sol com a peneira e ignorar a natureza estrutural dessa encrenca”, afirmou.
Lançado
em agosto do ano passado, o programa “Brasil Maior”, para estimular a
indústria, anunciou desonerações de R$ 24,5 bilhões ao setor. Mas os benefícios
foram anulados com a criação de um novo tributo que incide no faturamento das
empresas.
Nesse
meio tempo, o déficit tecnológico, a diferença entre importações e exportações
de bens e serviços intensivos em tecnologia, passou de US$ 15,4 bilhões em 2002
para US$ 85 bilhões em 2010.
Atualmente,
60% das máquinas e equipamentos comprados para serem utilizados no Brasil são
importados.
O
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deveria ser uma arma para
lidar com a questão, nunca deixou de patinar. O governo anuncia um índice de
execução de 21% até o final de 2011 quando a meta é chegar a 100% em 2014.
Os
números não são bem esses: foram inflados com os empréstimos habitacionais,
investimentos privados e verbas de restos a pagar. De acordo com o Sistema
Integrado de Administração Financeira, dos R$ 18,7 bilhões registrados no
Orçamento Geral da União em 2011 para o PAC, apenas R$ 815 milhões foram
executados (4,3%).
Enquanto
o governo bate cabeça, o Brasil vai em direção a uma estrutura de país colônia:
produção de produtos primários para países de populações ricas. Por questões
como essa somos a sexta economia do mundo e ainda estamos na 84ª colocação
mundial no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Fonte: Imprensa Democratas
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