quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Brasil do desemprego oculto




O proclamado pleno emprego alcançado pela economia brasileira é um mito. As taxas de desemprego divulgadas todos os meses pelos institutos oficiais não refletiriam a situação real do País.

A conclusão está presente em um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do governo federal, publicado este mês.

Leia o estudo: http://migre.me/85Aan 

De acordo com o trabalho, no Brasil “convivem empresas com diferentes níveis de produtividade e diversos graus de desenvolvimento tecnológico, existindo expressivo contingente de mão de obra que atua na informalidade, tanto nas metrópoles quanto nas cidades médias e também pequenas”.

Em muitos casos, afirma o IPEA, “o trabalhador está em condição mais próxima do desemprego aberto do que de um emprego de fato”.

É preciso salientar que ainda faltam, no País, estatísticas mais abrangentes sobre as taxas de emprego, que hoje se limitam às regiões metropolitanas.

Por exemplo, entre as vagas criadas de janeiro de 2008 a setembro de 2011, 70% ofereceram vencimentos abaixo de dois salários mínimos. Além disso, cerca de 7% dos postos de trabalho gerados pelo setor formal são ocupados por empregados domésticos.

O levantamento do IPEA concluiu que por trás de taxas bastante razoáveis de desemprego há também um alto índice do chamado “desemprego oculto”, pessoas que até possuem uma ocupação qualquer, mas que na prática não estão inseridos na economia.

Em Fortaleza, por exemplo, os índices oficiais de desemprego são de 6,3%. Mas o “desemprego” oculto é de 3%, o que aumenta a taxa para 9,3%. ´

O levantamento faz uma média das taxas entre janeiro e setembro do ano passado.

Em Salvador, são 10,5% no desemprego aberto. Somam-se outros 5% no desemprego oculto, o que chega ao total de 15%.

Em São Paulo, o desemprego aberto é de 8,5% e o oculto de 2,3%, o que perfaz 10,8%. Em Recife os números são 8,7% aberto, 5,1% oculto e 13,8% no total.  No DF há 9% aberto, 3,9% oculto e soma de 12,9%.

Levando-se em conta todas as Regiões Metropolitanas do Brasil, a taxa de desemprego aberto seria de 7,2% e a de oculto de 10,1%. A taxa total chegou a 13,% em 2009, auge da crise financeira internacional. Ou seja, a quantidade de desempregados “ocultos” sobe rapidamente durante as depressões dos ciclos econômicos.

O contingente de pessoas no desemprego oculto se deve, de acordo com o IPEA, com um sistema pouco abrangente de seguro-desemprego que obriga a pessoas a estratégias de sobrevivência.

Também ocorre, no Brasil, uma grande quantidade de ocupações de baixo rendimento “de tal forma que os trabalhadores ocupados nestes postos de trabalho dedicam-se, quase permanentemente, à procura de novos empregos”. Nas estatísticas oficiais, entretanto, eles contribuem para o mito do pleno emprego.  
           
Há também disparidades regionais. O levantamento mostrou que enquanto a região Sudeste gerou milhares de novos empregos nos últimos anos, na região Sul houve regressão.

Sem dúvida, as últimas taxas de crescimento econômico têm melhorado a situação dessa mão de obra. O que o estudo desautoriza é a visão na qual a questão do desemprego estaria praticamente resolvida no Brasil.

Fonte: Imprensa Democratas

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