terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Até a Casa da Moeda foi loteada




O loteamento da máquina pública bateu todos os recordes na administração do PT. A competência e o interesse da sociedade parece ter ido para quarto plano em relação a critérios como indicação política, companheirismo ou conveniência eleitoral.

Mas ninguém imaginava que a situação chegasse a um ponto extremo como no caso da Casa da Moeda, um órgão estatal que a princípio deveria ser estritamente técnico. Ficou claro que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não controla seus subordinados de confiança.

Esse novo escândalo chegou à sociedade com a demissão do ex-presidente da estatal, o economista Luiz Felipe Denucci, por suspeita de corrupção. Denucci foi exonerado dia 28 de janeiro por suspeita de receber propina de fornecedores da instituição via duas empresas no exterior, em nome dele e da filha.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Denucci relatou a auxiliares do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ser vítima de uma armação partidária para tirá-lo do cargo.

O economista é inocente até que se prove o contrário. Mas o curioso é que a bancada de um partido político, o PTB, se movimentou para indicar o substituto.

As denúncias: a Junta Comercial de Miami, nos EUA, confirmou a criação de duas empresas: a Helmond Commercial LLC, em nome do próprio Denucci, e a Rhodes INT Ventures, em nome da filha, Ana Gabriela. Nos últimos três anos, essas "offshores" teriam recebido U$ 25 milhões de operações financeiras no exterior, segundo um relatório da WIT, companhia especializada em transferência de dinheiro com sede em Londres.

A WIT aponta que os valores são oriundos de pagamento de comissão feito por dois fornecedores exclusivos da Casa da Moeda, equivalente a 2% dos contratos firmados.

Nos últimos anos, os lucros da empresa subiram de R$ 28 milhões para R$ 517 milhões anuais. O faturamento ultrapassou R$ 2,7 bilhões.

Curioso que o PTB já não considera Denucci como indicação política. O motivo, segundo o líder Jovai Arantes: “Ele tratou o partido como se não tivesse obrigações com ele”.

Ficam as dúvidas? Que tipo de obrigação um órgão como a Casa da Moeda teria com um partido político? Até mesmo o ministério da Fazenda foi vítima do loteamento fisiológico na gestão PT? O ministro Mantega não tem forças nem mesmo para nomear um subordinado do porte de um presidente da Casa da Moeda?

Cumprindo seu papel de oposição, o líder do Democratas na Câmara, ACM Neto, apresentou um requerimento pedindo explicações ao ministro.

Só após a divulgação do caso pela imprensa, o Ministério da Fazenda decidiu instaurar comissão de sindicância investigativa “para apurar as informações mencionadas".

Depois de toda a confusão, Mantega saiu com a velha história do “eu não sabia”. O ministro da Fazenda preferiu dizer que não havia indicado o próprio chefe da Casa da Moeda.

No momento da saída do auxiliar, entretanto, o ministro elogiou a atuação de Denucci frente à estatal.
Palavras da colunista Eliana Catanhêde, da Folha, sobre o imbróglio: “Não há meio-termo: alguém está mentindo. Ou Mantega ou o PTB, à frente seu presidente, Roberto Jefferson, e seu líder, Jovair Arantes. O partido ganhou o primeiro round quando a Casa Civil confirmou que, em setembro, também já alertara a Fazenda de que havia suspeitas sobre Denucci. Mantega ficou falando sozinho”.

De resto, ficou claro que o governo não manda efetivamente nem na própria moeda.

Fonte: Imprensa Democratas 


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