segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Guerra entre companheiros na cúpula do Banco do Brasil




Há uma guerra do PT contra o PT na cúpula do Banco do Brasil.

Estão em fronts contrários, o presidente do banco, Aldemir Bendine, e o presidente do fundo de pensão da instituição (Previ), Ricardo Flores.

A disputa não tem nada a ver com o interesse dos correntistas. Com direito a intrigas e dossiês, engalfinham-se por mais poderes dentro da instituição.

Os padrinhos de Aldemir Bendine são o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Do lado de Flores estão integrantes e parlamentares do Partido dos Trabalhadores.

Bendine acusa Flores de tentar derrubá-lo do cargo de qualquer maneira. Um dos motivos é que o presidente do BB demitiu vários integrantes do PT que ocupavam cargos de direção e de chefia no banco.  Flores faz a mesma acusação contra Bendine (de tentar derrubá-lo). Ambos não se falam por mais de um ano.

Bendine também tem vetado sistematicamente uma série de indicações políticas para cargos no banco, inclusive pedidos de parlamentares petistas.

Responsável pela aposentadoria dos funcionários do BB, a Previ é o maior fundo de pensão da América Latina. O fundo é acionista de algumas das mais poderosas empresas do Brasil, como telefônicas e a mineradora Vale.

Em 2011, Bendine pretendia ser nomeado presidente da Vale, mas seu nome teria sido vetado por Flores, presidente do conselho de administração da mineradora.

Nesta peleja, uma das vítimas dos dossiês apócrifos que circulam dentro dos corredores do banco foi o ex-vice-presidente de Atacado e Negócios Internacionais, Allan Simões Toledo.  De acordo com a Folha, Toledo ambicionava tomar o cargo de Bendine.

Este ano, o presidente do BB já substituiu 13 diretores. Em 2009, Bendine havia trocado outros seis. As mudanças foram uma das principais causas da guerra agora em curso.

A confusão ocorre menos de um mês após a descoberta de que a Casa da Moeda, empresa subordinada ao Ministério da Fazenda, também foi vítima de loteamento político.

O ex-diretor da instituição, Luiz Felipe Denucci, foi exonerado após denúncias de corrupção passiva. Ele teria sido indicado por parlamentares do PTB.  

A crise também atinge o Legislativo. No final do ano passado, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), derrubou a votação do projeto que criava o Fundo de Previdência dos Servidores porque teve um pedido para emplacar um diretor no BB vetado. O deputado nega a acusação.

Outro foco de atrito tem sido um possível aumento salarial para os diretores do Banco. A pretensão de Bendine para a elevação dos vencimentos tem sido barrada pela Previc, a instituição do Ministério da Previdência que regula as aposentadorias dos fundos de pensão fechados no País.

Em 2009, Bendine demitiu José Maria Rabelo, atual presidente da Previc.

A presidente Dilma Rousseff já exigiu que o impasse seja resolvido o mais rápido possível. Ainda em vão. Na última sexta-feira, Bendine se recusou a encontrar-se com Flores para negociarem uma trégua.

O próprio Mantega está em disputa pessoal dentro de seu ministério. O oponente é o secretário executivo, Nelson Barbosa. Ambos se estranharam devido à demissão do presidente da Casa da Moeda e o tamanho dos últimos cortes no orçamento anunciados pelo governo.

Dilma Rousseff teria até cogitado demitir Mantega a favor de Barbosa. O ex-presidente Lula foi quem pode ter segurado o atual ministro.

O lucro do Banco do Brasil em 2011 foi de R$ 12,1 bilhões.  O montante, sem dúvida, desperta cobiça.

Apesar do enorme potencial de causar danos, o caso BB é apenas mais um exemplo da rotina do aparelhamento que assola o atual governo. Órgãos e entidades que deveriam servir ao público tornaram-se braços de partidos políticos que apóiam o governo.

Fonte: Imprensa Democratas 

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