Os partidos de
oposição preparam uma estratégia para levar o "mensalão" de volta à
cena com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ligações
políticas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira. Entre os primeiros requerimentos à CPI, a oposição pretende
pedir a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) e de seu
assessor à época, Waldomiro Diniz. Em um vídeo divulgado em 2004, Diniz aparece
pedindo propina a Cachoeira em troca de facilidades em contrato do consórcio
representado pelo empresário com a Loteria do Rio de Janeiro. A gravação da
conversa foi em 2002, quando Diniz presidia a Loterj. Essa ligação
Cachoeira-Diniz será usada como elo para uma eventual convocação de Dirceu.
Informações do Estadão.
Os aliados da presidente Dilma Rousseff formam ampla maioria na
CPI e terão o controle dos trabalhos, mas a oposição vai insistir no desgaste
político do governo. O requerimento de criação da CPI mista, com deputados e
senadores, deverá ser protocolado amanhã, quando estará concluída a fase de
recolhimento das assinaturas - mínimo de 171 na Câmara e de 27 no Senado.
Setores da base da presidente criticam o empenho do PT em ajudar
na criação da comissão e acabar levando os demais partidos aliados a
reboque. No PMDB, há um entendimento de que a base defenderá o governo,
mas não terá a mesma disposição para se aliar às intenções do PT de apurar o
suposto envolvimento de setor da mídia com escutas telefônicas, por exemplo.
Objetivos distintos. O PT, por sua vez, pretende usar a CPI
justamente para desviar o foco do mensalão, com votação prevista para esse ano
no Supremo Tribunal Federal (STF), se possível desqualificando os acusadores do
partido no escândalo que atingiu o primeiro mandato do governo Luiz Inácio Lula
da Silva.
"É uma CPI com diferentes objetivos. Cada partido tem o
seu", avaliou um parlamentar aliado. Na oposição, a CPI poderá atingir o
governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Em contrapartida, o governador
do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), será alvo de ataques da oposição.
O líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA),
tem repetido que o partido está pronto para o ataque. O DEM teve uma
importante baixa com a Operação Monte Carlo da Polícia Federal e teria
interesse em igualar o jogo. O senador Demóstenes Torres (GO), acusado de
envolvimento direto com o esquema de Cachoeira, deixou o partido e responde a
processo de cassação por falta de decoro no exercício do mandato.
Com tantos interesses distintos, o senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) suspeita da real intenção dos partidos em apurar a relações dos
políticos com Cachoeira. "Estou começando a achar que PT e PSDB estão
fazendo um acordo: você não investiga isso que eu não investigo aquilo",
afirmou o senador.
O PSOL, com três deputados e um senador, tenta ampliar o número
de integrantes da CPI - fixado em 15 deputados e 15 senadores - para conseguir
uma vaga na comissão. A composição é feita de acordo com o tamanho das bancadas
partidárias e o PSOL ficou de fora.
Fonte: www.acmneto.com.br
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