Citado como o '01',
governador do Distrito Federal teria pedido reunião com contraventor, segundo
inquérito da Operação Monte Carlo
Citado como o "01" de Brasília pela organização do bicheiro
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o governador Agnelo Queiroz (PT)
pediu, segundo indica o inquérito da Operação Monte Carlo, uma reunião com o
contraventor, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no
Distrito Federal. O esquema, até ser desmontado pela PF, se articulava para
operar negócios miliónários no Governo do Distrito Federal (GDF). A aproximação
do governador com o bicheiro, para a PF, tinha como pano de fundo pagamentos do
GDF a empresas do esquema, notadamente a Delta Construções, e nomeações de
representantes da quadrilha em cargos-chave da administração do DF.
Em telefonema
gravado pela Polícia Federal em 16 de junho do ano passado, o sargento
Idalberto Matias, o Dadá, um dos aliados de Cachoeira, avisa ao bicheiro que
foi procurado por João Carlos Feitosa Zunga, ex-subsecretário de Esportes e
funcionário do Governo do Distrito Federal (GDF), que disse que o
"01" estava querendo falar com ele.
De acordo com a PF, "01" era a forma como os aliados
de Cachoeira se referiam a Agnelo, chefe do governo. "O Zunga me ligou
aqui, está querendo falar com você, porque o chefe dele lá, o 01, está
querendo...quer falar com você", diz Dadá. "Vou falar com ele",
responde Cachoeira. O próprio relatório da PF quando transcreve as escutas
identifica o "01" como "governador".
O "01" também aparece em outras gravações obtidas pela
PF. Em 6 de abril, Dadá e Marcelo Lopes, ex-assessor especial da Casa Militar
do governo Agnelo, conversam sobre uma pessoa (não identificada nas
investigações) que estaria fazendo a ponte com o governador.
Poucos dias
antes, os mesmos interlocutores afirmam que Cláudio Abreu, diretor da Delta
Construções S/A no Centro-Oeste, está com um contato dentro do governo, direto
e sem intermediários, para azeitar os interesses da construtora em nomeações e
liberação de pagamentos.
Marcelão era assessor de Cláudio Monteiro, chefe de gabinete de
Agnelo, que pediu demissão na noite desta terça-feira, 10, após a divulgação de
grampos nos quais a organização de Cachoeira cita pagamentos a ele.
Monteiro é citado em diversos áudios da Operação Monte Carlo,
que revelam a proximidade de integrantes do governo de Agnelo com integrantes
da organização criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira.
Procurado pelo Estado, Zunga
alegou que não solicitou a Dadá conversa de Cachoeira com Agnelo ou qualquer
pessoa. O governador informou, por meio de sua assessoria, que não vê a
possibilidade de ser o "01" citado pela PF. O petista assegurou não
ter se encontrado com Cachoeira ou mantido contato telefônico com ele. Ele
negou ter pedido ou ter sido sondado para reunião com o contraventor.
Fonte: Fábio Fabrini e Alana Rizzo, de O Estado de S.Paulo
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