Há
muitas coisas negativas que podem ser ditas sobre o atual governo brasileiro:
descontrole administrativo, clientelismo, estímulo ao fisiologismo, aumento
desenfreado dos gastos, entre outras mazelas.
Mas
fora uma ou outra tentação autoritária, como a vontade de reestatizar a
mineradora Vale, o governo petista tem feito valer acordos e contratos. Por
exemplo, honrou todos os seus compromissos com o antes amaldiçoado Fundo
Monetário Internacional (FMI).
Mas
a escalada do desrespeito às leis tem assombrado países vizinhos como a
Venezuela, a Bolívia e, mais recentemente, a Argentina.
Sem
ter como enfrentar uma crise inflacionária e de desabastecimento que se
avizinha, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, interviu na petrolífera
espanhola Repsol-YPF. Por meio de um projeto de lei, o governo expropriou 51%
da empresa.
A
medida surpreendeu os executivos da YPF, que tiveram que abandonar suas salas
na tarde de ontem para dar lugar aos burocratas do governo.
Transmitida
em rede nacional de TV, a medida teve como mote slogans ideológicos como
“soberania popular”, entre outros. O anúncio da nacionalização foi várias vezes
interrompido por ovações da plateia, formada por integrantes do Partido
Justicialista, nome oficial do peronismo.
Para
justificar a iniciativa, a presidente afirmou que a empresa espanhola não
cumpria as metas de produção e por isso foi punida. Em resposta, a companhia
alega que era impossível manter uma política de expansão quando o preço dos
combustíveis está congelado em valores abaixo aos de mercado.
Não
por acaso, essa é a política que o governo brasileiro impõe à Petrobras: vender
gasolina ao mercado mais barato do que compra no exterior. Por isso, a queda
constante das ações da estatal brasileira e prejuízo para os acionistas.
Kirchner
também criticou a empresa por não “reinvestir os lucros nas necessidades do
país”. Belas palavras para uma atitude autoritária. “Só as ditaduras
determinam o que uma empresa pode ou não pode fazer com seus lucros”, afirmou
o colunista do Estadão, Celso Ming.
Mas
o que levou a presidente a tomar essa decisão? De acordo com alguns analistas,
a política clientelista de distribuição de recursos está se esgotando e não
restam ao governo outras iniciativas além de lançar mão de ativos particulares
como forma de se apoderar de mais recursos.
Em
2009, o governo argentino já havia estatizado os fundos de pensão, avaliados em
US$ 30 bilhões.
A
presidente ainda precisou tomar medidas populistas para tentar atenuar a já
visível piora na qualidade de vida da população. Estima-se que a inflação na
Argentina chegou a 24% ao ano. Já o desemprego aproxima-se dos 20%. Kirchner
também tentou empolgar a comunidade internacional com uma campanha para
recuperar as ilhas Malvinas dos ingleses, fracassou. Agora ataca a empresa
espanhola.
A
expropriação foi antecipada por ataques à empresa cometidos pelos movimentos
ditos “sociais” que, como no Brasil, são da linha auxiliar ao governo.
De
acordo com o porta-voz de Comércio da União Europeia, “Uma tomada de
controle forçada por parte do governo argentino é um sinal muito negativo para
os investidores nacionais ou internacionais”. Já o governo espanhol
anunciou retaliação.
Ou
seja, passada a euforia populista, a Argentina deve contar com menos
investimentos em seu território. Toda a patotada foi uma
vitória de Pirro.
A
empresa espanhola agora exige uma indenização de US$ 10 bilhões.
Um dos princípios do Democratas é o
respeito à propriedade privada. Essa garantia faz o investidor acreditar nos
países em que escolhe para tocar seus empreendimentos e gerar empregos. Com o
respeito aos contratos, ganham a população, as empresas e mesmo o governo, por
meio da arrecadação de impostos.
Fonte: Imprensa Democratas
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