Que o governo do PT sempre desprezou as agências
reguladoras é algo mais do que sabido. Criadas para fiscalizar a atuação de
empresas privadas, foram transformadas em cabide de empregos e instrumento para
o fisiologismo político.
Mas os desatinos não param por aí. Descobriu-se agora
que as agências não só foram loteadas, mas também transformadas em covis de
criminosos.
Que o ex-ministro José Dirceu havia comandado uma
quadrilha que funcionou dentro do Palácio do Planalto ficou comprovado pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.
Também se suspeitava que os tentáculos de Dirceu
continuassem firmes dentro do governo mesmo após sua queda da Casa Civil em
2005.
Mesmo assim surpreende saber que a turma de Dirceu não
só estava bem dentro da máquina administrativa federal, como continuava a
cometer crimes e promover tenebrosas transações.
O escândalo da vez reúne personagens improváveis como
uma ex-secretária de José Dirceu e apadrinhada por Lula, Rosemary Noronha, que
até esse fim de semana ocupava o cargo de chefe de gabinete da representação do
governo federal em São Paulo, diretores de agências reguladoras e até mesmo o
número dois da Advocacia-Geral da União.
Todos eles foram incriminados pela operação da Polícia
Federal denominada Porto Seguro. Revelou-se que a ex-secretária Rosemary tinha
poder até para nomear diretores de agências reguladoras, que por sua vez
promoviam encontros entre funcionários públicos corruptos e empresários
interessados em fazer negócios escusos com o governo.
Entre os nomeados por Rosemary estão envolvidos os
irmãos Rubens Carlos Vieira, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC), e o diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo
Rodrigues Vieira, apontado como chefe da quadrilha.
Também foi indiciado na operação da Polícia Federal,
entre outros, José Weber Holanda, o segundo na hierarquia da Advocacia-Geral da
União (AGU). Segundo a Polícia Federal, Weber solicitou passagens de navio em
um cruzeiro para ele e a mulher. Em troca, teria se comprometido a facilitar a
concessão de um terreno da Marinha em uma ilha do litoral paulista para a
implantação de um empreendimento imobiliário.
O grotesco nesse caso é o tipo de favor que Rosemary
Noronha, a estrela do novo escândalo, exigia como propina: pagamento de
cirurgias, armários novos para a casa, emprego para filha, e até mesmo um
cruzeiro marítimo junto com a dupla sertaneja Bruno e Marrone. Tais pedidos
foram considerados “chinelagem”, segundo a PF.
Descoberto o escândalo e na eminência de ir para a
prisão, Rosemary ainda tentou ligar para seu padrinho político. Ele mesmo, o
ex-ministro José Dirceu.
Ao deparar com os antigos assessores praticando mais
lambanças, o ex-presidente Lula reagiu da maneira tradicional: afirmou que não
sabia de nada. Em breve deve dizer que a roubalheira foi farsa.
Conhecida no governo como “temida madame”, Rosemary
Noronha avisa: não irá cair sozinha.
A Polícia Federal tem nomes de outras autoridades do
primeiro escalão envolvidos no escândalo, mas só irá revelá-los em uma segunda
etapa das investigações, informa a coluna Painel da Folha de
S. Paulode hoje. Novas emoções virão.
O Painel também informa que os
afilhados políticos da “temida madame” já ocupavam seus cargos com apelidos.
Eram conhecidos como “os bebês de Rosemary”, uma referência ao filme de terror
dirigido por Roman Polanski.
Do jeito que andam as coisas, o governo federal vai se
transformar em uma espécie de PCC, onde os comandantes dão as ordens de dentro
de um presídio.
Fonte: Imprensa Democratas
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