Os partidos de
oposição pretendem resgatar suas bandeiras históricas para tentar fazer a
campanha de 2014 para a presidência da república em pé de igualdade com o PT.
Em destaque, o programa das parcerias com a iniciativa privada para grandes
obras de infraestrutura, com portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias
e hidreléctricas.
À frente do movimento pelo
resgate das bandeiras está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Terminado
o 2° turno da eleição em que o petista Fernando Haddad derrotou o ex-governador
José Serra (PSDB) na disputa para a Prefeitura de São Paulo, Fernando Henrique
passou a pregar a renovação dos programas de governo dos partidos de oposição.
Uma renovação que, a rigor, significa o resgate daqueles projetos
que, na visão de PSDB, DEM e PPS,
o PT lhes tomou.
No inicio da semana o ex-presidente conversou sobre o assunto com
o ex-governador Alberto Goldman, primeiro vice-presidente do PSDB. “Concluímos
que do ponto de vista dos resultados do que fizemos, o governo de FH foi
absolutamente vitorioso”, disse Goldman ao Estado. “O
PT adotou nosso programa em sua integralidade. Procurou disfarçar, mudar ò
rótulo, trocar o invólucro. Mas abraçou e pôs em prática todas as nossas
políticas, da rede de proteção social às parcerias com a iniciativa privada na
infraestrutura.”
Isso causou um problema de fato para a oposição, avaliaram
Fernando Henrique e Goldman. “Nosso grande desafio é levantar nossas bandeiras
e mostrar para a opinião pública que tudo começou com o governo de Fernando
Henrique, que teve à frente o PSDB e o DEM,
com nosso programa de privatizações. Temos o desafio de mostrar que fomos tão
vitoriosos que se apropriaram de nossas idéias como se fossem deles. Pior: só
foram perceber que era preciso fazer as parcerias com a iniciativa com dez anos
de atraso, o que causou um prejuízo imenso para o Brasil.”
Presidenciável. Candidato mais provável das
oposições, o senador Aécio Neves (PSDB- MG) tem conversado com os economistas
André Lara Resende, Armínio Fraga e Edmar Bacha, que tiveram papel fundamental
no programa de privatizações do governo FHC – como o das telefônicas e da Vale,
além da federalização dos bancos estaduais. Aécio já se disse pronto para ser o
candidato. Deverá ser o próximo presidente do PSDB, o que lhe garantirá
palanque duplo: no Senado e no comando do partido.
A ideia das oposições é que já a partir de 2013 Aécio Néves comece
a aparecer mais como o nome delas para a disputa presidencial. Entre as várias
iniciativas nesse sentido, os programas do PSDB, do DEM e do PPS deverão mostrar o senador como o
candidato que, com a bandeira das parcerias do setor público com a iniciativa
privada, vai enfrentar.o governo do PT. Nos três partidos há a percepção de
que, desde 2002, é a primeira vez que surge um nome natural para a disputa. As
duas candidaturas de Serra, em 2002 e 2010, e a de Geraldo Alckmin, em 2006,
foram impostas de alguma forma, no entender deles. E se perderam ao longo das
campanhas.
Um dos erros mais lembrados é a forma envergonhada com que foi
feita a defesa das privatizações realizadas no governo FHC. No caso da campanha
de Alckmin, pressionado pelo PT, ele chegou a aparecer no programa eleitoral
vestido com uma jaqueta com os símbolos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica
Federal e da Petrobrás. Jurou que não venderia as empresas. Avalia-se que
Alckmin perdeu um grande tempo se defendendo, quando poderia ter atuado no
ataque.
Presidente do segundo maior partido da oposição, o DEM, o senador José
Agripino Maia (RN) acredita que o bloco vai se fortalecer se
conseguir explicar para os eleitores que o PT copiou os programas da oposição. “O PT já esgotou o modelo do
Bolsa Família, programa que ajudou a reeleger Lula, em 2006, e a eleger Dilma,
em 2010“, avalia o senador. “Agora,
que o Bolsa Família já não deverá servir para lhe render votos, o governo
começou a copiar os programas da oposição. Anunciou a privatização dos
aeroportos e a concessão de rodovias e ferrovias. Tá na cara que o PT exauriu
tudo o que tinha. Não tem mais onde buscar coisa nova. Por isso, copia os
programas da oposição. É a hora de mostrarmos que temos muito mais condição do
que eles para fazer. A administração deles é capenga.”
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), aposta no
aprofundamento da crise econômica. “A oposição terá apenas de aguardar, porque
em 2014 a avaliação da presidente não será a que tem hoje. Ela não tem como
resistir à crise”, acredita.
Fonte: www.estadao.com.br
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