Depois
de sinalizar publicamente a intenção de "respeito a contratos" na
análise da lei de divisão dos royalties do petróleo, a presidente Dilma decidiu
ontem vetar o artigo do projeto aprovado na Câmara dos Deputados que muda as
regras de distribuição desses tributos referentes a campos em exploração.
Com
o veto, fica mantida a legislação atual que destina a maior parcela dos
royalties dos campos em exploração aos Estados e municípios produtores, como
defendiam o Rio e o Espírito Santo.
Pela
regra atual, os grandes Estados produtores, por exemplo, ficam com 26,25% dos
royalties. Os não produtores recebem apenas 1,76%.
Com
isso, saem derrotados os Estados e municípios não produtores, responsáveis pela
aprovação do projeto no Congresso que mudava essa divisão da receita. O texto
reduzia a parcela dos Estados produtores para 20%.
Quanto
às regras de exploração dos futuros campos de petróleo do pré-sal, o governo
decidiu manter o que foi aprovado no Congresso. O texto fixa em 15% a alíquota
dos royalties no modelo de partilha de produção e define a distribuição desses
recursos de forma mais igualitária entre todos os Estados e municípios.
Nesta
divisão, os Estados produtores devem ficar com 22% da receita de royalties a
ser gerada na exploração dos campos que ainda serão licitados na área do
pré-sal. Já os Estados e municípios produtores ficariam com uma parcela maior,
de 51%.
O
Palácio do Planalto analisava ainda incluir numa medida provisória mudanças na
divisão de royalties de futuros campos de petróleo que ainda serão explorados
pelo sistema de concessão (fora da região do pré-sal).
Nesta
MP, o governo deve incluir dispositivo destinando toda receita dos royalties
(União, Estados e municípios) para educação. Com isso, a presidente Dilma quer
viabilizar a proposta de investir no setor 10% do PIB (Produto Interno Bruto).
Durante
a reunião em que discutiu o assunto, a presidente Dilma voltou a insistir que
sua decisão evitaria quebrar contratos e respeitaria o direito adquirido dos
Estados e municípios produtores.
Ou
seja, seguindo a linha defendida pelo governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), ela
optou por não fazer qualquer alteração na legislação atual que destina mais
recursos para as regiões produtoras, mas nos campos já licitados.
No
caso dos futuros campos, ainda a serem leiloados, Dilma entendeu que a regra da
distribuição dos royalties pode ser alterada. Por isso, optou por manter a
proposta aprovada na Câmara.
Com
a sanção do projeto, o governo vai fazer os primeiros leilões, no segundo
semestre do próximo ano, de áreas de exploração de petróleo do pré-sal com base
no novo modelo de partilha de produção.
Deputados
e senadores de Estados não produtores vão tentar derrubar os vetos. Caso isso
ocorra, o governador Sérgio Cabral já avisou que recorrerá ao STF (Supremo
Tribunal Federal).
Fonte: Folha de São Paulo
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