Operador do mensalão e condenado a mais de 40 anos pelo caso, o
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse à Folha que entregou ao Ministério Público
Federal documentos comprovando acusações feitas em seu novo depoimento, que
envolvem o ex-presidente Lula no escândalo.
Em resposta aos que desqualificam suas acusações, Valério afirmou
que os documentos foram entregues em setembro, quando falou à Procuradoria.
Numa breve declaração, queixou-se: "Os procuradores não tocaram nos papéis
que deixei lá".
A Folha apurou que, entre os documentos, está
o registro de depósito dos R$ 98,5 mil que, diz Valério, foram usados para
pagamento de despesas pessoais do ex-presidente Lula na posse e no primeiro mês
de seu primeiro governo.
O cheque foi destinado à empresa de segurança Caso, de Freud
Godoy, ex-assessor pessoal de Lula.
Esse depósito já havia sido identificado pela CPI dos Correios,
aberta para apurar o caso em 2005, mas na época Valério nada disse.
Segundo a Folha apurou, não há registro do que foi
comprado com o dinheiro repassado. Em depoimento, Freud alegou que o recurso
foi empregado em gastos com segurança da posse.
Procurada, a defesa do empresário não detalhou que outros papéis
foram entregues.
FORO
Condenado a 40 anos e quatro meses de prisão por ter operado o
esquema, Valério responsabiliza o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da
Câmara João Paulo Cunha pelo desfecho do processo, com 25 condenações.
A interlocutores, Marcos Valério afirma que o processo não teria o
mesmo resultado caso fosse julgado em primeira instância, com possibilidade de
recursos.
Advogado de Valério, o criminalista Marcelo Leonardo conta que
chegou a articular no Congresso a aprovação de emenda constitucional que dava
fim ao foro privilegiado, que define o STF como tribunal para o julgamento de
parlamentares.
Liderados por Dirceu, os petistas, no entanto, orientaram a
bancada do partido a não dar quorum para votação do texto. A defesa pediu cinco
vezes desmembramento do processo para que Valério fosse julgado em primeira
instância, sem sucesso.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário