A presidente Dilma Rousseff termina o ano com
aprovação entre ótimo e bom em 62%, de acordo com pesquisa Datafolha publicada
no último domingo. Para o Ibope, em sondagem divulgada na semana passada, chega
a 78% o índice de brasileiros que aprovam o jeito de Dilma de governar.
Os números revelam algumas aparentes contradições.
Por exemplo, segundo o Datafolha, chega a 52% o índice de brasileiros que
consideram a política federal para saúde ruim ou péssima. Já 62% desaprovam a
área de segurança pública. Os escândalos de corrupção explodem quase
semanalmente.A impressão é a de que um governo muito bem avaliado, quando
destrinchado, está péssimo em cada um de seus setores. De fato, pode ser
isso.
Na educação, o Brasil fica em 88º lugar no ranking
da Unesco de 127 Países. No IDH, patinamos na 84ª colocação entre 187 Países.
A paralisação do PIB é evidente. Devemos crescer
apenas 1% este ano, o pior País da América Latina com exceção do Paraguai.
Entre os Brics, o lanterna.
Com os maus números daqui, a Inglaterra voltou a
ultrapassar o Brasil entre as maiores economias do mundo.
Com relação à infraestrutura, a Confederação
Nacional dos Transportes, em estudo divulgado no final de outubro, mostrou que
a 29,3% das rodovias brasileiras estão em condições ruins ou péssimas: são mais
de 28 mil quilômetros na precariedade. Apenas 37% da malha está em bom estado.
Há o atraso de grandes obras como a ferrovia
Transnordestina, a Norte-Sul, e a transposição do rio São Francisco, entre
muitas outras. Os prazos já foram estourados e as novas previsões são
consideradas fictícias.
No caso da transposição, em particular, a previsão
era para ser concluída em março de 2010 e o orçamento total de US$ 4,8 bilhões.
Hoje, mais de dois anos e meio após o fim do cronograma, já foram gastos US$
3,8 bilhões e apenas 40% da obra está pronta. Dos dezesseis lotes licitados,
cinco contratos foram rescindidos. O orçamento pulou para R$ 8,2 bilhões.
Segundo a equipe de orçamento do Democratas, em
consulta ao Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), este ano o
governo só liberou para a Transposição R$ 272 milhões dos R$ 1,35 bilhão
autorizados (20,2%).
No setor elétrico, os apagões se tornaram uma
ameaça constante. O Brasil só não está em processo de racionamento porque a
economia não tem crescido de maneira satisfatória.
De acordo com a Agência Nacional de
Energia Elétrica, as interrupções de fornecimento crescem desde 2006. Nos
últimos três anos, os registros ficaram bem acima do limite máximo admitido pelas
regras de operação do setor.
Com relação à Copa, a eficiência parecem ter se
limitado à construção dos estádios. As obras da chamada mobilidade urbana, como
linhas de metrô e novas avenidas mal saíram do papel. Corre o risco de o
campeonato acabar sem que a população veja seu cotidiano melhorado pelo legado
do Mundial.
A carga tributária, não custa repetir, já está em
35% do PIB. Enquanto isso, o índice de investimentos fica em 18,7% enquanto o
mínimo deveria ser de 25%.
Entraves em outros setores como aeroportos, portos,
armazéns, ferrovias, burocracia tornam o Brasil um dos piores para se investir
no mundo. O mais recente levantamento sobre o tema, o "Doing
Business 2013”, divulgado pelo Banco Mundial, coloca o Brasil na 130ª
posição entre 185 economias se o critério for a abertura de negócios.
Em outro ranking de competitividade organizado pela
Confederação Nacional da Indústria, que compara 14 Países com economia parecida
com a brasileira, ficamos em penúltimo lugar, à frente apenas da Argentina.
Com tantos problemas sérios fica a questão: como
pode o governo ser tão popular?
Uma das respostas está, sem dúvida, nas taxas de
desemprego, uma das mais baixas em todos os tempos, 5,3%, quase o equivalente
ao pleno emprego.
Os dados do consumo são também bastante
impressionantes. Desde o início do governo Lula, brasileiros de todas as
unidades da federação mais do que dobraram seu poder de compra. O índice
preciso é de 113% em todo território nacional, segundo o IBGE. E essa ascensão
tem superado crises internacionais e baixos números do PIB.
Por exemplo, de acordo com o IBGE, apenas nos
últimos 12 meses, o valor em compras feitas por brasileiros nas redes
varejistas cresceu 7,6%. O índice continua em ritmo de crescimento chinês. No
quesito mais sensível à popularidade, o bolso, o governo não tem deixado a
crise chegar à população.
O governo tem aproveitado toda a maré internacional
direcionada à compra de produtos primários que temos costume de vender, como
minério de ferro e soja, para arrecadar como nunca, aumentar orçamentos de
transferência direta, subir o salário mínimo de maneira real, e distribuir
crédito à população. Com tantos novos produtos em casa (supérfluos ou não),
difícil considerar um governo ruim.
Mesmo com as evidentes dificuldades estruturais e a
inoperância do Estado, a elevação de renda permitiu ao Brasil ser o País onde
houve mais avanços sociais entre 2006 e 2011, de acordo com estudo da
Consultoria Internacional Boston Consulting Group.
Mas, como se pode perceber, apesar dos avanços
sociais, o governo tem deixado de lado as ações que podem fazer o Brasil andar
com as próprias pernas, sem utilizar a conjuntura como muleta. Na linguagem
popular, pode estar matando a galinha dos ovos de ouros ao manter uma ascensão
social insustentável sem reformas. Conquistas não estruturais como a renda e o
emprego podem acabar de um dia para outro e teremos um País com más condições
para a economia se desenvolver sozinha.
Como partido da oposição, o Democratas reconhece os
avanços, mas considera um dever alertar para os riscos. O Brasil precisa
superar seus principais entraves para garantir o desenvolvimento efetivo da
população, sem depender de fenômenos que podem ser passageiros.
Fonte: Imprensa Democratas
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