O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) negou, nesta terça-feira
(4), que a Polícia Federal sofra interferência política em suas operações. Ele
afirmou que apesar de a PF ser um órgão subordinado ao seu ministério, nenhuma
das duas operações recentemente deflagradas pelo órgão tiveram interferência
dele.
"Sempre que pessoas do mundo político ou econômico são
investigadas há muita tensão, controvérsia e confusões", disse o
ministro."Mas afirmo aqui que nenhuma dessas operações é fruto de
instrumentalização do ministro da Justiça e nem de descontrole da Polícia
Federal", disse.
Cardozo prestou esclarecimentos sobre as operações Porto Seguro e
Durkheim deflagradas pela PF em audiência pública realizada pelas comissões de
Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, e de Fiscalização Financeira e
Controle da Câmara. Ministro e parlamentares também debateram a crise da
segurança pública em São Paulo e outras questões da pasta como, por exemplo, as
condições das prisões no país.
Segundo o ministro, há anos a PF evoluiu de um status de polícia
de governo para se tornar, de fato, uma polícia de Estado, "sem qualquer
interferência política".
"Nos últimos 10 anos, a Polícia Federal se converteu, não é
mais uma polícia de governo, é uma polícia de Estado", disse o ministro.
O diretor-geral da PF, Leandro Daiello, disse que na "Polícia
Federal não existe ingerência política".
"Não existem facções nem grupos na Polícia Federal",
disse o diretor.
GRAMPOS
Cardozo também negou que a ex-assessora da Presidência Rosemary
Noronha não foi alvo de interceptação telefônica pela Polícia Federal.
"Não existem gravações. Se alguém fez essas gravações,
seguramente terá de responder na forma da lei, pois foram ilegais",
afirmou.
Cardozo defendeu a investigação e disse que "do ponto de
vista técnico foi uma investigação irrepreensível". Segundo ele, a decisão
de não grampear Rose foi técnica. "A interceptação telefônica criminal é
feita com um objetivo claro."
Questionado se haveria uma quadrilha atuando dentro da
Presidência, o ministro afirmou que isso não era verdade, já que Rosemary não
foi indiciada sob acusação de quadrilha.
ANTECEDÊNCIA
Cardozo disse ainda que o ministro da Justiça, normalmente, só
toma conhecimento das operações no momento em que elas ocorrem. Em relação à Operação
Porto Seguro, o ministro disse que foi informado de maneira genérica, no dia
anterior, de que haveria uma operação envolvendo um órgão do governo.
"Ainda na quinta-feira (22), informei a presidente Dilma
Rousseff que haveria uma operação da PF no dia seguinte envolvendo órgão do
governo, mas sem detalhes, porque eu não os tinha naquele momento",
afirmou Cardozo.
Segundo o ministro, ele manteve a agenda na mesma quinta-feira e
viajou para Fortaleza, onde seria o anfitrião de um encontro de ministros do
Mercosul. "Somente na manhã de sexta-feira, de volta a Brasília, tive um
encontro com o doutor Leandro Daiello Coimbra, diretor-geral da Polícia
Federal, em minha residência, e aí pude tomar conhecimento do teor de todos os
mandados que haviam sido cumpridos naquele dia", disse.
Fonte: Folha de S. Paulo
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