Sempre falastrão e até mesmo agressivo contra os que
lhe fazem oposição legítima, o ex-presidente Lula praticamente se calou.
Os escândalos se sucedem e temos notícias apenas de
manifestações esparsas como dizer que “foi apunhalado pelas costas”, com
relação às tramoias de sua secretária Rosemary Noronha.
Agora, quando se revela que o operador do esquema do
mensalão, Marcos Valério, afirmou ao Ministério Público que Lula se beneficiou
pessoalmente de todo o esquema criminoso, o ex-presidente se limita a
classificar as denúncias como mentira. "Eu não posso acreditar em
mentira, eu não posso responder mentira”, afirmou.
Os defensores políticos de Lula passaram o dia de
ontem a tentar desqualificar Marcos Valério. O empresário chegou a ser
considerado um “delinquente” pelo líder do PT na Câmara, Gilmar Tato.
A presidente Dilma Rousseff considerou o depoimento de
Marcos Valério à PGR uma “lamentável” tentativa de destituir o respeito que o
povo brasileiro tem a Lula. Mas que respeito pode sobreviver a fatos amplamente
desfavoráveis?
O Estadão trouxe hoje mais novidades
sobre o caso. De acordo com Valério, os contratos de publicidade do Banco do
Brasil só eram aprovados quando se decidia a caixinha para o PT.
Para os governistas, utilizar Marcos Valério para
montar um esquema criminoso foi algo permitido. Agora, acreditar em suas
palavras, é algo inadmissível.
Com relação às “despesas pessoais” de Lula, Valério
disse ter feito pagamentos para Freud Godoy, ex-segurança do ex-presidente e um
dos “aloprados de 1996”, ainda beneficiário do Fundo Partidário do PT.
Lembrou hoje a colunista Dora Kramer: na quebra de
sigilo ordenada pela CPI dos Correios, em 2005, aparece o registro de R$ 98.500
depositados na firma de propriedade de Freud Godoy assessor direto de Lula,
coordenador de segurança de suas quatro campanhas presidenciais e até 2006 com
sala no Palácio do Planalto.
O presidente do Supremo Tribunal Federal já se
posicionou “oficiosamente” sobre o caso. Na opinião de Joaquim Barbosa o
ex-presidente Lula deve ser investigado.
De acordo com o colunista da Folha de S. Paulo,
Fernando Rodrigues, se as declarações de Marcos Valério tivessem ocorridos em
2005, auge do escândalo do mensalão, seria inevitável a abertura de um processo
de impeachment contra Lula.
Curiosa mesmo foi a reação do jornal Le Monde,
que em 2009 considerou Lula o homem do ano, em 2010 o defendeu como presidente
da ONU, em 2011 o chamou de “rock star” e agora o colocou como suspeito de ser
um dos comandantes do processo do mensalão, nas palavras de um dos líderes do
esquema.
Para que as declarações de Marcos Valério não passem
de blefe é preciso que o empresário apresente as provas.
Para o presidente do Democratas, José Agripino, a
estratégia de Valério tem a ver até com a preservação de sua vida. "Ficou
evidente, pelas declarações dadas por ele ao Ministério Público, que Valério
quer falar. Ele tem medo de morrer e resolveu abrir o jogo. A situação ainda se
complica mais porque, no depoimento, é dito que foi o PT que pagou o advogado
de Valério. Era outra forma de silenciá-lo", afirmou.
A oposição tem agido no sentido de esclarecer os
fatos. Já pediu ao Ministério Público cópias do depoimento de Valério e quer
que o empresário seja ouvido na Comissão de Constituição e Justiça.
Com certeza, o governo tentará barrar o depoimento do
empresário, assim como fez com outras pessoas suspeitas de negócios ilícitos
como a própria Rosemary Noronha.
Se continuar essa toada, a maior tarefa da coordenação
política do governo será não permitir que os inúmeros assessores encrencados de
Lula apareçam pelo Congresso para prestar depoimentos à nação.
Mas independentemente do que ocorra, o ex-presidente
Lula tem histórias mal contadas demais para explicar.
Fonte: Imprensa Democratas
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