Um
dos atributos que os marqueteiros tentam atribuir à presidente Dilma Rousseff é
uma grande capacidade de gestão. Mas em alguns índices básicos que indicam a
competência ou não de um administrador federal, o Brasil mal tem conseguido
sair do lugar nos últimos meses.
O
principal deles é o crescimento do Produto Interno Bruto. A economia avançou
apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nem os mais pessimistas esperavam
taxa tão medíocre, pois as previsões variavam de 0,3% a 0,7%.
Aliás,
nossos números nem podem ser chamados de medíocres, pois tal termo significaria
que alcançamos a média. Na verdade estamos abaixo do comum e da crítica.
Tivemos o pior desempenho do mundo
fora da Europa. Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o Brasil foi o
mais fraco dos Brics. A alta do PIB de 0,8% no primeiro trimestre em relação a
igual período de 2011 ficou atrás da China (8,1%), Índia (5,3%), Rússia (4,9%)
e África do Sul (2,1%).
Mesmo
com a crise, alguns países desenvolvidos cresceram mais do que o Brasil. A
Alemanha avançou 0,5% no primeiro trimestre ante o período imediatamente
anterior, deixando o crescimento da União Europeia (UE) em zero. Os Estados
Unidos cresceram no mesmo ritmo (0,5%) e o PIB do Japão avançou 1%.
Até
mesmo a meta de superar o pibinho brasileiro de 2,7% registrado em 2011 está
ameaçada. Não custa nada lembrar que o ministro da Fazenda Guido Mantega
chegou-a se comprometer com um PIB de cerca de 5% para este ano.
Ou
seja, ou o ministro não conhece a nossa própria economia ou estava alheio à
deterioração das condições internacionais. Nos últimos 12 meses o crescimento
do PIB nacional foi de 1,9%.
Já
são cinco trimestres seguidos de expansão econômica inferior a 1%, o que não
ocorria desde os anos 90.
O
PIB fraco afetou índices fundamentais para o futuro sustentável no Brasil. A
taxa de investimento, por exemplo, caiu de 19,5% para 18,7%. A meta do governo
era chegar a 25% para que o país não dependa tanto de importações.
O
PIB agropecuário do primeiro trimestre deste ano caiu 8,5% em relação a igual
período de 2011 e desacelerou 7,3% em comparação ao quarto trimestre de 2011. Foi
o maior recuo em 15 anos.
Segundo
os dados do BNDES, o país deve ter R$ 579 bilhões em investimentos em oito
setores industriais entre 2012 e 2015 - valor 6% menor que os R$ 614 bilhões
estimados no ano passado para o período 2011-2014. A queda será de R$ 35
bilhões.
Em
um primeiro momento, a equipe econômica chegou até comemorar a desvalorização
do Real como resultado de suas medidas de apoio à exportação. Puro autoengano.
O valor da moeda brasileira caiu principalmente devido à crise e não por causa
das ações do governo.
Já
o consumo das famílias cresceu 1% de acordo com a última sondagem do IBGE. Não
foi uma má notícia, mas há sinais de desaquecimento.
O
estímulo ao consumo foi a principal medida do governo para superar a crise
econômica internacional de 2008/2009. Apesar de o crescimento do Brasil em 2009
ter sido nulo, a estratégia foi considerada bem sucedida.
O
problema é que agora a equipe economia repete as medidas, mas encontra uma
população superendividada após responder positivamente de maneira positiva aos
estímulos anteriores para ir às comprar por meio de facilidades no crédito.
O
colunista Antonio Machado, do Correio Braziliense, busca explicar o fenômeno: “O
aumento da renda se fez acompanhar de medidas que anteciparam o consumo,
levando à exaustão por ora desse veio. É o que explica a relativa ineficácia
atual dos mesmos incentivos”.
O
Brasil, lembra Antonio Machado, atingiu altos níveis de consumo sem capacidade
de oferta industrial, infraestrutura pública em estradas, energia, saneamento,
etc. Um dia iria pagar o preço. A queda de juros pode ter chegado tarde.
Fonte: Imprensa Democratas
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