Convertidas em entidades
chapa-branca desde a ascensão do PT ao poder e apoiando todas as iniciativas
administrativas e políticas do Palácio do Planalto nos últimos dez anos, a
União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas
(Umes) de São Paulo estão sendo investigadas pelo Ministério Público (MP)
Federal por malversação no uso de verbas públicas.
A
investigação, informa o jornal O Globo de sexta-feira, foi aberta pelo
procurador Marinus Marsico, que atua no Tribunal de Contas da União (TCU). Ao
examinar as prestações de contas das duas entidades, entre outras
irregularidades, ele identificou o uso de notas fiscais frias e descobriu que
parte dos recursos liberados pelo governo para promoção de atividades culturais
e "caravanas da cidadania" foi gasta com a compra de cerveja, vinho,
cachaça, uísque e vodca e com a aquisição de búzios, velas e celulares.
Entre
2006 e 2010, a UNE e a Umes receberam cerca de R$ 12 milhões dos cofres
públicos para implementar projetos de capacitação de estudantes e promover
eventos esportivos, além de iniciativas culturais. Segundo o procurador Marinus
Marsico, as duas entidades gastaram perdulariamente esses recursos em
atividades que nada tinham a ver com os objetivos dos convênios firmados com os
Ministérios da Educação, Saúde, Cultura, Turismo e Esporte.
No caso
dos convênios firmados pela Umes com o Ministério da Saúde, no valor de R$
234,8 mil, por exemplo, a entidade não teria realizado licitação pública para a
escolha das escolas beneficiadas nem apresentou qualquer justificativa para a
dispensa de concorrência, como exige a legislação.
Segundo
o MP Federal, quatro notas da empresa WK Produções Cinematográficas
apresentadas para justificar gastos com a Caravana Estudantil da Saúde, realizada
em 2009 para promover a "conscientização da importância de doar
sangue", são "inidôneas". Gastos de R$ 20 mil previstos para
assessoria jurídica foram elevados para R$ 200 mil, sem qualquer justificativa.
As
investigações também constataram duplicidade de pagamentos, imprecisão do
objeto do convênio e até a transferência de recursos da conta oficial da
entidade para contas bancárias pessoais dos responsáveis pela Caravana
Estudantil da Saúde. Na representação que encaminhou ao TCU, o procurador
Marinus Marsico afirma que as irregularidades são graves, sugerindo
"possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da
legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao erário
público".
No caso
dos convênios firmados há quatro anos pela UNE com os Ministérios da Cultura e
do Esporte, para "implantação de atividades esportivas e debates"
durante a 6.ª Bienal de Artes, Ciência e Cultura, as prestações de contas não
foram enviadas até hoje pela entidade. "É lamentável, especialmente pela
história de lutas dessas entidades. Elas teriam que ser as primeiras a dar à
sociedade o exemplo de zelo no uso do dinheiro público", diz o procurador.
Por não
prestar contas de como gasta dinheiro vindo de convênios firmados com a União,
a UNE foi, no ano passado, inscrita pela Procuradoria-Geral do Ministério da
Fazenda como inadimplente no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do
Setor Público Federal (Cadin). E, se for condenada pelo TCU, com base nas
provas que estão sendo coletadas pelo MP Federal, poderá ser obrigada a
devolver as vultosas quantias que já recebeu.
No
passado, a UNE lutou efetivamente, tanto contra a ditadura de Getúlio Vargas
quanto contra a ditadura dos militares. Hoje, a UNE é um reduto do PC do B -
partido que se destacou no escândalo dos repasses irregulares de recursos
públicos a organizações não governamentais fantasmas, denunciado no ano
passado. Além de viver de regalias do governo e do monopólio na expedição de
carteiras estudantis, a UNE é manipulada por estudantes profissionais que fazem
do lazer e da bajulação sua principais "especializações".
É por
isso que as "tomadas de posição" da UNE já não valem o papel em que
são escritas.
Fonte: Estadão.com.br
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