Tido
pela Procuradoria Geral da República como chefe da sofisticada organização
criminosa que resultou no mensalão, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu,
pediu ajuda aos chamados movimentos sociais.
Ao
discursar no último sábado para uma plateia formada por membros da União
Nacional dos Estudantes (UNE) e da União da Juventude Socialista (UJS), ligada
ao PCdoB, Dirceu pediu uma mobilização para inocentá-lo do processo que corre
contra ele no Supremo Tribunal Federal.
Disse
José Dirceu: "Todos sabem que esse julgamento é político, essa é
uma batalha a ser travada nas ruas senão a gente vai ouvir uma só voz, pedindo
a condenação sem provas. É a voz do monopólio da mídia”.
O
apelo de José Dirceu não foi algo surpreendente. Desde o estouro do escândalo
do mensalão, em 2005, o governo tem pedido o apoio dos “movimentos sociais”
para livrá-lo de enrascadas e casos de corrupção.
Mas
há algo que o governo não consegue mais esconder. Os chamados movimentos
sociais deixaram de ser representantes autênticos da sociedade brasileira.
Desde a chegada do governo petista ao poder, seus líderes foram cooptados por
meio de farta distribuição de recursos públicos.
Para
começar, a antes combativa UNE deixou de criticar o governo ao ver cifras
milionárias jorrando em seus cofres, como os R$ 4,5 milhões ganhos em 2009. O
pior que esses recursos, ao que tudo indica, foram gastos de maneira irregular.
O
dinheiro foi utilizado até para comprar cachaça e vodka pelos militantes da
UNE, de acordo com o Tribunal de Contas da União: http://migre.me/9stTF
A
partir de 2005, a UNE passou a receber por ano praticamente a mesma quantidade
de recursos que recebeu nos dois governos FHC.
E
há mais histórias mal-contadas no ar: os líderes estudantis precisam explicar
onde estão os R$ 30 milhões recebidos em 2010 para a construção da nova sede da
entidade. O edifício é ainda apenas um pedaço de papel.
“Essas
denúncias são tão graves quanto qualquer outra de malversação de recursos
públicos. Participei da negociação para aprovar os R$ 30 milhões para sede da
UNE e hoje estou frustrado. Os estudantes que integram a entidade precisam se
explicar”, afirmou o senador José Agripino, presidente nacional do
Democratas.
Outro
braço dos movimentos sociais são os sindicatos. Na era petista,
transformaram-se de movimentos reivindicatórios para grandes forças de defesa
do governo. O motivo dessa virada, o de sempre: dinheiro, muito dinheiro.
Em
2009, por exemplo, foram cerca de R$ 2 bilhões distribuídos a entidades
sindicais no Brasil. Sindicatos que, em sua grande maioria, apoiaram
abertamente candidatos da base do governo nas eleições de 2010.
Esses
recursos não são auditados por nenhum órgão do governo, como o Tribunal de
Contas da União (TCU).
Hoje
abrir um sindicato se tornou um ótimo negócio. Desde que defenda o governo
quando for preciso, é lógico.
Escândalos
ocorridos no Ministério do Esporte em 2011 mostram que outro setor dos
movimentos sociais, as Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas
aos partidos políticos também agem por interesse financeiro. De preferência
enriquecendo seus dirigentes.
Dezenas
de jornalistas que hoje insultam a oposição em seus blogs e se posicionam
contra qualquer crítica ao petismo não agem por idealismo. Basta conferir em
suas páginas eletrônicas, coalhadas de publicidade oficial e de grandes
empresas prestadoras de serviços ao governo. Coerentemente, esses blogueiros se
autointitulam como a parte pensante dos movimentos sociais – todos se
movimentando a soldo público.
Um
dos pedidos de José Dirceu à população é que se informe apenas por meio desses
blogs situacionistas.
Nessa
estratégia de transformar os movimentos sociais em cães de guarda do governo,
os repasses do Orçamento a entidades sociais, de trabalhadores e de estudantes
crescem a cada ano. Entre 2007 e 2010, houve aumento de 91,7% desses recursos,
que passaram de R$ 80 milhões para R$ 155 milhões.
Tendo
em vista a existência de tantos militantes bem pagos para exercer um papel
político e partidário, o fundamental é ter em mente que essas pessoas são
apenas uma espécie de milícia governamental. Há muito deixaram de representar a
sociedade brasileira.
De
maneira vingativa e sem maiores reflexões, tornaram-se parte de um projeto
político de figuras como José Dirceu, tido como líder dos mensaleiros.
Fonte: Imprensa Democratas
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