O
Brasil é novamente um dos centros das atenções do mundo devido à conferência
mundial Rio+20. Chefes de Estado e dezenas de especialistas discutem a
ambiciosa, porém necessária, tarefa de conciliar o desenvolvimento econômico e
social com o respeito ao meio-ambiente.
Com
seus imensos recursos naturais, o anfitrião Brasil tinha tudo para dar um
exemplo mundial no encontro, propor medidas ousadas, mostrar soluções caseiras,
e ainda conduzir uma negociação de alto nível. Não foi o que ocorreu ainda.
Até
agora, o País conseguiu muito pouco na conferência. O texto final a ser
apresentado para a assinatura dos chefes de Estado, por exemplo, foi
considerado fraco pela União Europeia e por muitos outros negociadores. No
mínimo, faltou ambição ao Brasil de sugerir algo efetivo.
O
documento final, que chegou a ter quase 200 páginas, talvez fique com apenas
20. Metas tiveram que ser prorrogadas, ações engavetadas e punições esquecidas.
Para se ter uma ideia, ficaram de lado tentativas de acordo sobre temas como
uso da água e da energia.
O
Brasil foi até mesmo acusado de trabalhar para retirar do texto final uma
definição sobre os temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
uma das metas primordiais de todo o encontro.
Também
ainda não se chegou a um acordo efetivo sobre quem irá arcar com um fundo de
US$ 30 bilhões para as ações desse desenvolvimento sustentável.
“O Brasil jogou a toalha. O documento da
Rio+20 será mais fraco do que o imaginado no cenário pessimista. A crise
econômica bloqueou as soluções para salvar o futuro”, afirmou a colunista Míriam Leitão.
“No texto negociado, falta quase
tudo. Mas, principalmente, faz falta uma proposta concreta sobre o fundo que se
pensava criar no Rio. Os governantes vão apenas ‘reconhecer a necessidade’ de
que existam formas de financiamento, que ele envolva fontes variadas, como os
órgãos multilaterais - leia-se FMI e Banco Mundial -, e criam um comitê
intergovernamental de trinta especialistas que vão desenvolver estratégias de
financiamento até 2014”, continuou.
“O
Brasil está perdendo a chance de ser uma força frente às ambições crescentes, à
esperança e à confiança que o mundo depositou em seus ombros”, afirmou a
Climate Action, rede internacional que abriga mais de 700 organizações não
governamentais.
A
situação chegou a tal ponto que o grupo “The Elders”, formado por ex-chefes de
Estado, entre eles Nelson Mandela e Fernando Henrique Cardoso, fez um apelo
para que os líderes mundiais “salvem” o documento final.
Um
dos entraves às negociações é que toda a decisão precisa ser unânime, de acordo
com exigência da ONU.
Fora
certa falta habilidade para lidar com uma negociação envolvendo 193 países, o
Brasil também não tem muito a mostrar do ponto de vista de ações efetivas para
combater o avanço de todos os tipos de poluição.
Por
exemplo, o governo aposta em uma medida absolutamente contrária a qualquer
cartilha verde para combater a crise econômica que já chegou por aqui.
Desprezando os integrantes da Rio+20, quer aquecer o mercado de automóveis particulares
por meio da diminuição das alíquotas de IPI.
Os
resultados serão mais engarrafamentos, menos qualidade de vida, mas monóxido de
carbono no ar. Perdeu-se a oportunidade de um anúncio de investimentos em
transportes públicos que receberia aplausos mundiais.
Os
engavetamentos nas proximidades da conferência são uma amostra parcial desse
equívoco do governo.
Enquanto
isso, em seu plano de investimentos, a Petrobras, maior estatal brasileira, já
anunciou que irá gastar muito mais recursos com energia suja e menos em
biocombustíveis.
O
Democratas é um partido que não esconde sua opção pelo capitalismo e a economia
de mercado. Essa escolha não significa se opor às ações em prol do
meio-ambiente, pelo contrário.
Diga-se
de passagem que a preservação da natureza nunca foi meta de países socialistas,
vide a posição da China contra os acordos. O movimento ambiental surgiu em
países capitalistas ocidentais.
Atualmente,
muitos empreendedores já perceberam que ter um negócio sustentável é
fundamental para o sucesso a longo prazo. O motivo é de uma lógica cristalina:
todos os seres humanos precisam consumir alimentos, roupas, morar em casas
seguras e se deslocarem. Por outro lado, os recursos naturais para se conseguir
tudo isso são finitos. Se a equação entre consumo e natureza não for
equilibrada, todos sairão perdendo.
Mas
as medidas precisam ser tomadas com urgência. Pela sobrevivência de todos.
Fonte: Imprensa Democratas
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