Com
a aproximação do julgamento do chamado mensalão, talvez o maior escândalo
político da história brasileira, um enorme desespero tomou parte da ala do
Partido dos Trabalhadores envolvida com os crimes prestes a serem julgados pelo
Supremo Tribunal Federal.
E
esse desespero se transformou em guerra aberta a toda e qualquer instituição
que pode ameaçá-los, como a imprensa ou o Ministério Público.
Como
terá cinco horas para pedir a condenação dos réus do mensalão na sessão do STF,
o atual procurador Roberto Gurgel é hoje o homem a ser derrubado por essa
verdadeira matilha comandada pelo petismo.
Alegam,
contra o procurador, atrasos deliberados em investigações contra o contraventor
Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres.
Gurgel
reagiu. Para ele, só o atacam quem está “morrendo de medo” do julgamento do
mensalão.
Essa
tática pode ser uma furada porque a autoridade que mais investigou o mensalão
não foi Gurgel, mas o ex-procurador geral da República, Antonio Fernandes de
Souza. E Antonio Fernandes é veemente em sua posição: Negar a
existência do mensalão é querer negar os fatos, é querer apagar a História, uma
afronta à democracia.
Outros
pontos chamam a atenção em uma entrevista que o procurador concedeu à edição da
revista Veja esta semana:
- Chamar
o mensalão de farsa corresponde a chamar de farsantes o procurador-geral e
os ministros do Supremo.
- Existem
provas periciais demonstrando que dinheiro público foi usado nas operações
ilegais.
- Alguns
réus confessaram os crimes.
- Os réus
do mensalão praticaram lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa,
peculato, evasão de divisas, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
De
acordo com o procurador Antônio Fernandes de Souza: “Os ministros vão
julgar o processo com base nos autos. E há inúmeras provas de tudo o que foi
afirmado na denúncia. Depoimentos, extratos bancários, pessoas que foram
retirar dinheiro e deixaram sua assinatura”.
Ao
ser perguntado se houve desvio de dinheiro público no mensalão, o procurador
foi enfático: “Quem vai fazer esse juízo é o Supremo. Da perspectiva de
quem fez a denúncia e acompanhou o processo até 2009, digo que existe prova
pericial mostrando que dinheiro público foi utilizado. Repito: há prova
pericial disso”.
Para
tirar suas dúvidas, veja o relatório de 120 páginas do ministro Joaquim
Barbosa, do STF, sobre o mensalão. Ao todo o processo possui 70 mil páginas.
Dentro
da imprensa, a revista Veja é o principal objeto de ódio do
PT, por ter mantido, por anos, uma linha editorial em desavença com o governo.
O petismo agora tem até um aliado de peso nessa empreitada contra a publicação,
o ex-presidente Fernando Collor, cujo caminho para o impeachment, em 1992,
começou exatamente com uma reportagem da revista.
A
ironia é que sindicalistas ligados ao PT por anos ajudaram a derrubar
autoridades por meio de grampos ilegais e documentos sigilosos vazados à
imprensa. Uma de suas vítimas foi, exatamente, Fernando Collor. Agora, quando
são alvos da mesma prática que promoveram, querem condenar o fato de o
contraventor Carlinhos Cachoeira ter sido fonte de jornalistas por anos.
Em
editorial publicado quarta-feira da semana passada, o jornal O Globo mostrou
o que há por trás dessa guerra.
Como
é bem sabido, são os regimes autoritários que controlam a imprensa, seja no
nazismo, no fascismo ou mesmo na ditadura de Getúlio Vargas, nos anos 30.
Uma
questão histórica interessante é o caso do imperador da França, Napoleão
Bonaparte. De acordo com a mais recente de suas biografias, de Steven England,
no momento em que seu poder era ameaçado pelas tropas russas, Napoleão se
desesperou por não ter fontes confiáveis de informação.
Toda
imprensa controlada por Napoleão insistia em bajulá-lo e exaltá-lo, quando o
que o interessava eram os fatos. Ele não os tinha sob controle. O imperador
chegou a lamentar não poder ler mais páginas de uma imprensa não-governista,
para monitorá-lo de maneira menos ilusória.
Como
se sabe, após dominar praticamente toda a Europa, Napoleão perdeu a guerra de
maneira avassaladora.
Fonte: Imprensa Democratas
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