Inquérito foi
instaurado para investigar o caso e a obra, em Fernandópolis (SP), está
embargada até que todas as irregularidades sejam solucionadas.
São Paulo, 10 - Cerca de 90
operários de uma obra do 'Minha Casa, Minha Vida' foram encontrados em
condições de trabalho análogas à escravidão por agentes do Ministério
Público do Trabalho de Campinas, na última sexta-feira, 4. De acordo com o MP,
um inquérito foi instaurado para investigar o caso e a obra está embargada até
que todas as irregularidades sejam solucionadas.
Na última sexta, trabalhadores da obra em questão
realizaram uma denúncia no Ministério Público do Trabalho de São José do Rio
Preto, pasta que atende a região de Fernandópolis, onde a construção é
realizada. De acordo com informações da assessoria de imprensa do MPT, fiscais
foram enviados ao local e constaram diversas irregularidades, entre elas
trabalho análogo à escravidão, péssimas condições do canteiro de obra e do
alojamento.
A pasta
informa que o projeto 'Minha Casa, Minha Vida' é sustentado com verbas do
Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal. Neste caso, assim que a
verba destinada é aplicada, cabe ao município ou cidade contratar uma empresa
terceirizada capaz de fornecer mão de obra para as construções.
A
assessoria de imprensa do MPT, afirma que no entendimento da pasta, cabe à
Caixa Econômica Federal fiscalizar a regularidade do trabalho antes de liberar
a verba.
O
trabalho análogo à escravidão foi apurado quando os trabalhadores
afirmaram trabalhar 15 horas por dia na obra, sem o pagamento salarial -
segundo informações do MPT, o pagamento estava sendo feito aos poucos, por meio
de vales de R$ 100, R$200 e R$300, nunca no valor integral do salário.
Outra
denúncia investigada é a condição dos alojamento nos quais os operários
moravam. "As questões sanitárias destes alojamentos são lamentáveis, os
banheiros devem ser usados por, no máximo, 20 trabalhadores, e não foi isso que
a perícia presenciou", conta a assessoria da pasta.
Os
agentes do Ministério Público do Trabalho de Campinas, órgão que conduz as
investigações do caso, efetuaram o resgate dos 90 trabalhadores no início desta
semana e determinou a rescisão do contrato de todos os operários.
"Conforme determina a lei", informa a assessoria de imprensa,
"os homens têm direito a receber as verbas rescisórias: o seguro
desemprego, salário e 13º salário, férias e fundo de garantia".
"Todos
os operários são migrantes do nordeste do País, a maioria deles veio do Piauí e
do Maranhão para trabalhar nesta construção", afirma o MPT. A pasta
esclarece que, na maioria dos casos, há irregularidades inclusive na busca
dessa mão de obra.
"Esses
operários são buscados por meio de empreiteiras terceirizadas, contratadas pela
construtora", explica a assessoria de imprensa do MPT. "Essa
empreiteira busca os trabalhadores no nordeste que, geralmente, chegam ao
destino de forma clandestina, em ônibus clandestinos, em ocasiões que eles
mesmos chegam a pagar a passagem", diz. Muitos operários são aliciados e
chegam a trabalhar sem registro de trabalho ou carteira assinada.
"Encontramos
indícios de aliciamento de trabalho e a fiscalização provou que houve
irregularidades na vinda destes 90 homens para São Paulo", segundo a
assessoria.
A pasta
informa que a mão de obra deve ser contratada perante o Ministério do Trabalho
da cidade do contratado. O registro de trabalho é feito e o pagamento das
passagens aprovado pelo Ministério. Assim que a documentação é tida como
regular, a pasta libera a saída do trabalhador.
Fonte: Estadão.com.br
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