O Supremo Tribunal Federal (STF) tem de
fazer imediatamente uma reunião administrativa, dar consequência ao julgamento
do mensalão, oferecer a ajuda que se fizer necessária ao ministro Ricardo
Lewandowski — um dos que já foram assediados por Luiz Inácio Lula da Silva — e
emitir um “Comunicado à Nação” rechaçando a tentativa do ex-presidente de
chantagear, intimidar e constranger os ministros da corte suprema do país. Ou o
tribunal se dá conta da gravidade do ato e do momento ou corre o risco de se
desmoralizar.
Os jornalistas de política de Brasília
não podem nem devem quebrar o sigilo de suas fontes, mas também eles têm uma
obrigação institucional, com a democracia: revelar que sabiam, praticamente
todos eles, do assédio que Lula fazia a ministros do STF. A história estava
em rodas de conversa, em todos os cafezinhos, em todos os jantares, em
todos os bares. O que não se tinha era a prova ou alguém que decidisse quebrar
o silêncio, a exemplo de Gilmar Mendes. O ministro fez bem em comparecer ao
encontro. Fez bem em ouvir o que ouviu. Fez bem em advertir o presidente do
Supremo, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União. Fez bem,
finalmente, em confirmar a história que VEJA apurou e falar tudo às claras.
Ok, vá lá… Se Nelson Jobim nega que a
história tenha acontecido, a imprensa tem de registrar. Mas há de buscar uma
forma — como fez o repórter Jorge Moreno, de O Globo, de circunstanciar
o desmentido — que, no seu texto, vale por uma confirmação. Afinal, se Jobim
tivesse endossado a acusação de Mendes, ninguém menos do que o grande Lula
estaria lascado. Aquilo a que se assistiu na sala do ex-ministro do STF e
ex-ministro de Lula chama-se, entre outras coisas, “obstrução de justiça”, o
que pode render, em caso de condenação, de um a quatro anos de cadeia, segundo
o que caracteriza e prevê o Artigo 344 do Código Penal, a saber:
“Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Única saída
Reflitam um pouco: a única saída que tem Lula é a negativa de Jobim. Sem ela, estaria obrigado, nesta segunda, a vir a público para, mais uma vez, pedir desculpas à nação — a exemplo do que fizera em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Lula, na sua ousadia tresloucada, ficou, se vocês perceberem, nas mãos de Jobim. Assim, vivemos essa realidade algo surrealista: Jobim nega, ninguém acredita, mas isso impede o agravamento da crise — ou, pensando bem, impede que a situação beire o insustentável. Não restaria outro caminho que não processar o ex-presidente da República.
O Supremo não pode se contentar com o
que seria, então, uma mera guerra de versões e deixar tudo por isso mesmo. Até
porque, reitero, É DE CONHECIMENTO DE CADA JORNALISTA DE BRASÍLIA A
MOVIMENTAÇÃO DE LULA. Todos sabem que ele vem assediando os membros do STF. Nem
mesmo o esconde. Os nomeados por ele próprio ou por Dilma, segundo seu discurso
boquirroto, lhe deveriam obrigações — e não posso crer, escrevo sem cinismo
nenhum, que ministros e ministras a tanto se prestem. Os que não nomeou
estariam sujeitos a outra abordagem, como foi o caso de Gilmar, que assistiu
àquilo que os dicionários definem como “chantagem”.
É chegada a hora de o Supremo Tribunal
Federal deixar claro que não passarão. E tem de fazê-lo hoje.
Por Reinaldo Azevedo
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