O
governo brasileiro foi extremamente habilidoso em transformar uma notícia ruim,
a diminuição do rendimento da caderneta de poupança, em algo aparentemente
positivo para o Brasil. Depois de atacar as taxas de juros dos bancos
particulares, conseguiu explicar que o pequeno lucro do poupador era um dos
responsáveis pela impossibilidade de os juros caírem ainda mais.
Vale
a pena transcrever um trecho da colunista Dora Kramer, que sintetiza a
estratégia do Planalto:“Roteiro irretocável: agiu primeiro, aumentou o tom
do discurso do combate aos juros altos, "cresceu" para cima dos
bancos escolhendo seus lucros exorbitantes como o inimigo maior a ser combatido
- ou seja, elegeu um adversário já devidamente detestado - e depois deu o que
em tese seria a má notícia”.
A
queda dos juros de fato é um objetivo a ser perseguido por qualquer governo. No
caso do PT, como sempre, transformou a missão em uma campanha de marketing com
direito a pronunciamento de TV da presidente Dilma Rousseff e frases feitas
como “peitou os poderosos”.
Como
o que é desagradável tem que ser escondido, a presidente Dilma só deixou de
dizer que as taxas de juros praticadas pelos bancos privados são altas também
devido a fatores como impostos sobre as operações financeiras e os compulsórios
que ficam retidos no Banco Central.
Outro
fator que prejudica a queda das taxas é a inadimplência. Para o principal
interessado, o cidadão, esse é um problema que tem crescido exponencialmente
nos últimos anos.
A
manutenção dos altos níveis de consumo é a prioridade “zero” do atual governo.
São as compras da população que têm ajudado a evitar resultados ainda mais
medíocres do crescimento do PIB brasileiro. Além disso, a ida às prateleiras
ajuda a segurar os índices de popularidade.
Mas
para manter esse ciclo virtuoso do consumo, o governo precisa desesperadamente
abaixar os juros da população. O problema é o alto nível de endividamento que
impede as pessoas de ir ao varejo.
Atualmente,
a taxa de inadimplência das pessoas físicas, que mede atraso de pagamentos
superior a 90 dias, fechou o ano de 2011 em 7,3%.
Em
São Paulo, 21,8% dos moradores da capital, o equivalente a 782,8 mil famílias,
estavam inadimplentes em abril.
O
endividamento da população já está em discussão no governo. Em seminário promovido
pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, mês passado, economistas fizeram uma
análise do padrão de consumo do Brasil em comparação com os demais países da
América Latina.
Concluiu-se
que os brasileiros têm se endividado mais com os chamados bens não
duráveis, como vestuário, enquanto que a população de outros países da América
Latina prefere gastar com bens duráveis, como imóveis.
Para
os economistas ouvidos no seminário, no Brasil, o comprometimento do
orçamento das famílias com as dívidas tem aumentado, sobretudo, em função da
falsa percepção sobre as vantagens do parcelamento das compras. Muitos
consumidores não percebem os altos juros que estão embutidos nas prestações que
chegam a 90 vezes.
Estudo da
LCA consultores concluído em 2011 mostrou que a das dívidas do consumidor
brasileiro era referente ao cartão de crédito, cheque especial, financiamento
bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos, e imóveis.
Fonte: Imprensa Democratas
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