segunda-feira, 14 de maio de 2012

“Negar o mensalão é negar a História”



Com a aproximação do julgamento do chamado mensalão, talvez o maior escândalo político da história brasileira, um enorme desespero tomou parte da ala do Partido dos Trabalhadores envolvida com os crimes prestes a serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

E esse desespero se transformou em guerra aberta a toda e qualquer instituição que pode ameaçá-los, como a imprensa ou o Ministério Público.

Como terá cinco horas para pedir a condenação dos réus do mensalão na sessão do STF, o atual procurador Roberto Gurgel é hoje o homem a ser derrubado por essa verdadeira matilha comandada pelo petismo.

Alegam, contra o procurador, atrasos deliberados em investigações contra o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres.   

Gurgel reagiu. Para ele, só o atacam quem está “morrendo de medo” do julgamento do mensalão.

Essa tática pode ser uma furada porque a autoridade que mais investigou o mensalão não foi Gurgel, mas o ex-procurador geral da República, Antonio Fernandes de Souza. E Antonio Fernandes é veemente em sua posição: Negar a existência do mensalão é querer negar os fatos, é querer apagar a História, uma afronta à democracia.

Outros pontos chamam a atenção em uma entrevista que o procurador concedeu à edição da revista Veja esta semana:
  • Chamar o mensalão de farsa corresponde a chamar de farsantes o procurador-geral e os ministros do Supremo.
  • Existem provas periciais demonstrando que dinheiro público foi usado nas operações ilegais.
  • Alguns réus confessaram os crimes.
  • Os réus do mensalão praticaram lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, peculato, evasão de divisas, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

De acordo com o procurador Antônio Fernandes de Souza: “Os ministros vão julgar o processo com base nos autos. E há inúmeras provas de tudo o que foi afirmado na denúncia. Depoimentos, extratos bancários, pessoas que foram retirar dinheiro e deixaram sua assinatura”.

Ao ser perguntado se houve desvio de dinheiro público no mensalão, o procurador foi enfático: “Quem vai fazer esse juízo é o Supremo. Da perspectiva de quem fez a denúncia e acompanhou o processo até 2009, digo que existe prova pericial mostrando que dinheiro público foi utilizado. Repito: há prova pericial disso”.

Para tirar suas dúvidas, veja o relatório de 120 páginas do ministro Joaquim Barbosa, do STF, sobre o mensalão. Ao todo o processo possui 70 mil páginas.

Dentro da imprensa, a revista Veja é o principal objeto de ódio do PT, por ter mantido, por anos, uma linha editorial em desavença com o governo. O petismo agora tem até um aliado de peso nessa empreitada contra a publicação, o ex-presidente Fernando Collor, cujo caminho para o impeachment, em 1992, começou exatamente com uma reportagem da revista.

A ironia é que sindicalistas ligados ao PT por anos ajudaram a derrubar autoridades por meio de grampos ilegais e documentos sigilosos vazados à imprensa. Uma de suas vítimas foi, exatamente, Fernando Collor. Agora, quando são alvos da mesma prática que promoveram, querem condenar o fato de o contraventor Carlinhos Cachoeira ter sido fonte de jornalistas por anos.

Em editorial publicado quarta-feira da semana passada, o jornal O Globo mostrou o que há por trás dessa guerra.

Como é bem sabido, são os regimes autoritários que controlam a imprensa, seja no nazismo, no fascismo ou mesmo na ditadura de Getúlio Vargas, nos anos 30.

Uma questão histórica interessante é o caso do imperador da França, Napoleão Bonaparte. De acordo com a mais recente de suas biografias, de Steven England, no momento em que seu poder era ameaçado pelas tropas russas, Napoleão se desesperou por não ter fontes confiáveis de informação.

Toda imprensa controlada por Napoleão insistia em bajulá-lo e exaltá-lo, quando o que o interessava eram os fatos. Ele não os tinha sob controle. O imperador chegou a lamentar não poder ler mais páginas de uma imprensa não-governista, para monitorá-lo de maneira menos ilusória.

Como se sabe, após dominar praticamente toda a Europa, Napoleão perdeu a guerra de maneira avassaladora.

Fonte: Imprensa Democratas

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