quarta-feira, 23 de maio de 2012

Governo retoma o ciclo letal do nacional-desenvolvimentismo



Diante de uma economia em ladeira abaixo e com um cenário internacional pouco amigável, o governo federal lançou na última segunda-feira mais um pacote de medidas tentando estimular o crédito para consumo e investimento.

Incapaz de alavancar um projeto vigoroso para aumentar a competitividade da indústria brasileira a longo prazo, o pacote do governo - o sétimo lançado desde 2008 – é uma repetição de políticas fracassadas: foco em ações paliativas sem reformas estruturais; benefícios a setores específicos da economia ao invés de definir regras que beneficiem a todos; e mais reforço aos investimentos via BNDES.

O conjunto de medidas de estímulo inclui redução do IPI para compra de automóveis até 31 de agosto; abrandamento do IOF para operações de crédito para pessoa física, de 2,5% para 1,5%; e queda na taxa de juros para diversas linhas do BNDES. O custo total das ações será de R$ 2,7 bilhões.

Não houve nenhuma proposta, portanto, que tratasse da remoção dos gargalos reais que de fato solapam a competitividade da indústria nacional, como a infraestrutura precária, carga tributária excessiva, legislação trabalhista arcaica e burocracia asfixiante.

Em Santa Catarina, no lançamento de uma obra que está sob a mira do TCU, Dilma disse que o Brasil está “300% preparado” para enfrentar a crise. Entretanto, o atual cenário econômico é diferente do de 2008 e 2009. O endividamento do consumidor, por exemplo, é um problema sério que pode obstaculizar o efeito esperado das novas ações.

As pessoas estão mais endividadas e os bancos amargam uma inadimplência maior”, afirmou ontem ao jornal “Valor”, o analista da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu.

De acordo com a Serasa Experian, a inadimplência do consumidor brasileiro aumentou 23,7% em um ano. Nos quatro primeiros meses de 2012, o crescimento foi de 19,6%.

A presidente Dilma Rousseff, ao lançar pacotes quase semanais, tem optado por caminhos ideológicos perigosos, ressuscitando as receitas do nacional-desenvolvimentismo, cuja essência se traduz pela irrestrita confiança na capacidade do governo em agir como principal carro-chefe do crescimento econômico.

Trata-se de uma doutrina expansionista do Estado, que apregoa aumento de gastos públicos desenfreados e restrições ao livre mercado.

Ingredientes maléficos, como protecionismo, intervencionismo e dirigismo, estão de volta. Qualquer semelhança com o “mercantilismo” aplicado no século XVIII não é mera coincidência.

O custo do “desenvolvimentismo” abraçado por Dilma poderá ser alto demais para o país. O governo tem “pisado na bola” na escolha dos instrumentos para tentar artificialmente estimular o crescimento econômico. Tolera inflação de um lado para reduzir juros a qualquer custo de outro; despeja toneladas de crédito no BNDES para depois criar barreiras protecionistas.  

A sensação é de que o governo está remando contra a maré, alimentando uma grande “bolha de crédito” que poderá afetar o nosso crescimento no futuro.

Não obstante as ações de estímulos propostas pelo governo nos últimos tempos, a indústria brasileira continua letárgica. As medidas, até agora, não surtiram efeito! Se comparada com março de 2011, a nossa produção da industrial diminuiu 2,1%.

A economia brasileira está estagnada. Nos três primeiros meses do ano, a economia só conseguiu evoluir 0,15% em relação ao mesmo período do ano passado. Economistas já preveem um crescimento para 2012 em torno de 2,5%.

A cada novo pacote de “bondades” fica mais clara a intenção do governo de controlar a economia de baixo para cima. O Estado brasileiro é um leão guloso que ainda concentra poder demais, intromete-se em demasia na economia e na vida das pessoas.

Estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) revela que o brasileiro entrega praticamente a metade do que ganha (via impostos) para sustentar um poder público obeso e ineficiente.

Falta ao país uma dinâmica sustentável de crescimento. Falta ao Brasil pôr em prática uma agenda de competitividade baseada em sólidos valores liberais, como eficiência da máquina pública, redução de impostos, menos Estado e mais liberdade para o cidadão empreender. Chega de remendos artificiais! Chega de pacotes!

O economista Roberto Campos já dizia: “o Brasil está tão distante do liberalismo - novo ou velho - como o planeta Terra da constelação da Ursa Maior!

O Brasil ocupa a zona do rebaixamento quando se trata de liberdade econômica mundial. Somos ainda um País avesso ao comércio e ao empreendedorismo. O papel do Estado na economia é bem grande e vem crescendo.

De acordo com o Índice de Liberdade Econômica 2012, que mede o nível de liberdade econômica no mundo inteiro, o Brasil está na 99º posição do ranking entre 184 países, contabilizando apenas 57,9 pontos, abaixo da média mundial (59,5 pontos). O Brasil ficou atrás de países subsaarianos, como Burkina Faso (85º), Gana (84º) e Uganda (78º). 
  
Os dados são bem claros: somente com mais liberdade econômica é possível ter um significativo aumento no desenvolvimento humano, com elevação de índices como renda, educação e qualidade de vida. O social não pode ser dissociado do econômico.
                                          
O Democratas tem um papel importante no atual cenário político e econômico brasileiro. Somos a única instituição partidária no país que defende os preceitos da economia de mercado e da força empreendedora da livre iniciativa com base em sólidos valores republicanos e democráticos.

Fonte: Imprensa Democratas 


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