quarta-feira, 9 de maio de 2012

Juros baixos para salvar o consumo




O governo brasileiro foi extremamente habilidoso em transformar uma notícia ruim, a diminuição do rendimento da caderneta de poupança, em algo aparentemente positivo para o Brasil. Depois de atacar as taxas de juros dos bancos particulares, conseguiu explicar que o pequeno lucro do poupador era um dos responsáveis pela impossibilidade de os juros caírem ainda mais.

Vale a pena transcrever um trecho da colunista Dora Kramer, que sintetiza a estratégia do Planalto:“Roteiro irretocável: agiu primeiro, aumentou o tom do discurso do combate aos juros altos, "cresceu" para cima dos bancos escolhendo seus lucros exorbitantes como o inimigo maior a ser combatido - ou seja, elegeu um adversário já devidamente detestado - e depois deu o que em tese seria a má notícia”.
A queda dos juros de fato é um objetivo a ser perseguido por qualquer governo. No caso do PT, como sempre, transformou a missão em uma campanha de marketing com direito a pronunciamento de TV da presidente Dilma Rousseff e frases feitas como “peitou os poderosos”.
Como o que é desagradável tem que ser escondido, a presidente Dilma só deixou de dizer que as taxas de juros praticadas pelos bancos privados são altas também devido a fatores como impostos sobre as operações financeiras e os compulsórios que ficam retidos no Banco Central.
Outro fator que prejudica a queda das taxas é a inadimplência. Para o principal interessado, o cidadão, esse é um problema que tem crescido exponencialmente nos últimos anos.
A manutenção dos altos níveis de consumo é a prioridade “zero” do atual governo. São as compras da população que têm ajudado a evitar resultados ainda mais medíocres do crescimento do PIB brasileiro. Além disso, a ida às prateleiras ajuda a segurar os índices de popularidade.
Mas para manter esse ciclo virtuoso do consumo, o governo precisa desesperadamente abaixar os juros da população. O problema é o alto nível de endividamento que impede as pessoas de ir ao varejo.
Atualmente, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, que mede atraso de pagamentos superior a 90 dias, fechou o ano de 2011 em 7,3%.
Em São Paulo, 21,8% dos moradores da capital, o equivalente a 782,8 mil famílias, estavam inadimplentes em abril.
O endividamento da população já está em discussão no governo. Em seminário promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, mês passado, economistas fizeram uma análise do padrão de consumo do Brasil em comparação com os demais países da América Latina.
Concluiu-se que os brasileiros têm se endividado mais com os chamados bens não duráveis, como vestuário, enquanto que a população de outros países da América Latina prefere gastar com bens duráveis, como imóveis.

Para os economistas ouvidos no seminário, no Brasil, o comprometimento do orçamento das famílias com as dívidas tem aumentado, sobretudo, em função da falsa percepção sobre as vantagens do parcelamento das compras. Muitos consumidores não percebem os altos juros que estão embutidos nas prestações que chegam a 90 vezes.

Estudo da LCA consultores concluído em 2011 mostrou que a das dívidas do consumidor brasileiro era referente ao cartão de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos, e imóveis.

Fonte: Imprensa Democratas

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