Uma das principais estratégias do ex-presidente
Luiz Inácio da Lula para acuar as oposições ou qualquer um que ouse criticar
suas atitudes é se passar por vítima. Sempre quando flagrado em alguma
trapalhada, ele se mostra como um integrante de uma classe oprimida, um
ex-retirante bem-intencionado perseguido pelas elites do Brasil.
Quem é bem informado sabe que não é bem assim. Para
viabilizar um projeto principalmente de poder, Lula e os petistas há muito
deixaram de lado os pudores para se aliar a quem sempre atacaram: sejam
empresários honestos e batalhadores, sejam políticos corruptos.
Mesmo assim, causou certo espanto reportagem da Folha
de S. Paulo publicada na última sexta-feira que mostra a forte relação
atual de Lula com as maiores empreiteiras do País.
Mostrou o jornal que a justificativa aceita para as
viagens do ex-presidente Lula ao exterior, o combate à fome no mundo, não passa
de uma tremenda cascata. Boa parte dos deslocamentos do presidente a países da
África e América Latina ocorrem à custa e pelos interesses de grandes
empreiteiras do Brasil.
Segundo a matéria, políticos e empresários familiarizados com as
andanças de Lula disseram que ele ajudou a alavancar interesses de gigantes
como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht nesses lugares.
Nas viagens, muito bem remuneradas por sinal, Lula
prometia repassar todos os pedidos dos empresários à atual presidente Dilma
Rousseff.
As andanças de Lula foram acompanhadas de perto pelo Ministério das
Relações Exteriores. Por exemplo, um telegrama diplomático de novembro do ano
passado, enviado ao Itamaraty pela embaixada do Brasil em Moçambique, após uma
visita de Lula, diz que ele ajudou empresas brasileiras a vencer resistências
locais ao "associar seu prestígio" a elas.
E há pequenas curiosidades nos périplos do ex-presidente. Em Moçambique,
por exemplo, parecia estar ao lado da empreiteira Camargo Corrêa, cujas obras
de uma mina de carvão foram alvo de protestos de centenas de famílias removidas
pelo empreendimento.
Consta em um telegrama da embaixadora brasileira em Maputo, Moçambique,
sobre a viagem de Lula ao país: “Trata-se de operação de indiscutível
simbolismo e que tem potencial para colaborar nas mudanças da percepção local
sobre as empresas de capital brasileiro”.
O contribuinte brasileiro também colaborou com as andanças de Lula.
Parte dos recursos das viagens foi paga pelo Itamaraty.
E as andanças irão continuar. Semana passada, Lula anunciou novo giro
africano, começando pela Nigéria, e patrocinado por Odebrecht, OAS e Camargo
Corrêa.
O Instituto Lula não informa os valores que recebe das empresas.
Estimativas do mercado sugerem que uma palestra no exterior pode render R$ 300
mil, sem contar gastos com hospedagem, comida e transporte.
Com o cinismo que é próprio dos petistas, o
Instituto Lula justificou as viagens financiadas pelas empreiteiras
argumentando que se tratava de um trabalho pelo “interesse da nação”.
Para um líder de uma agremiação que confunde
partido político, Estado e país, nenhuma novidade na desculpa.
A honestidade intelectual e a decência seriam suficientes para qualquer
petista abandonar de vez o discurso de vítima das elites. Como salientou o
escritor João Ubaldo Ribeiro, a elite está do lado deles:
“(...) As elites econômicas não parecem empenhadas
em subverter uma situação em que os bancos têm lucros nunca vistos, conforme o
próprio presidente perpétuo já frisou, e as empreiteiras estão muito felizes e,
convocadas pela presidente adjunta, prometeram fazer novos investimentos. Qual
é a elite conservadora que está descontente e faz oposição ao governo? É
justamente o contrário”, afirmou
o escritor em artigo publicado em O Globo.
Na versão PT 2013, partido, País, Estado e agora as grandes empreiteiras
se confundem como parte do “interesse da nação”.
Fonte: Imprensa Democratas
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