O setor de infraestrutura é atualmente um dos principais gargalos para o
crescimento econômico e o desenvolvimento do país.
Caminhões parados nas rodovias, navios que aguardam semanas para
desembarcar mercadorias nos portos, aeroportos saturados de passageiros e
estradas esburacadas são cenas que escancaram o grande déficit vivido pelo
Brasil na área de logística.
Por motivos de ordem ideológica, o governo Lula/Dilma perdeu
oportunidades de atrair capitais privados e modernizar o setor de infraestrutura
do país. Resultado: os recursos disponibilizados para a área foram fortemente
atrofiados.
De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), enquanto o Brasil investe apenas 0,6% de seu Produto Interno Bruto em
infraestrutura de transportes, países em desenvolvimento aplicam, em média,
3,4% do PIB.
Cálculos do economista Paulo Fleury, do Instituto de Logística e Supply
Chain (Ilos), sugerem que o Brasil, para atenuar os gargalos do apagão
logístico, deve investir pelo menos 5% do PIB em infraestrutura de transportes
nos próximos cinco anos.
O problema é que o Estado brasileiro é um péssimo gestor. Nem mesmo os
projetos do Ministério dos Transportes saem do papel. Segundo o Tesouro
Nacional, os investimentos da pasta em infraestrutura caíram R$ 4,3 bilhões em
2012.
O Brasil está perdendo competitividade no mercado externo de forma
acelerada. O caos logístico é inequívoco. A China suspendeu a compra de pelo
menos dois milhões de toneladas de soja brasileira em função dos crescentes
atrasos no fornecimento.
As longas filas de caminhões nos portos expõem a saturação da
infraestrutura brasileira. De nada adianta os empresários do agronegócio
fazerem um bom trabalho se o Estado brasileiro não dá a contrapartida,
oferecendo uma infraestrutura adequada.
“O Brasil gastou 530 bilhões de reais com transporte e armazenagem no
ano passado. Se a logística brasileira tivesse uma eficiência similar à
americana, esse custo cairia para 350 bilhões de reais – uma economia de 180
bilhões de reais por ano”, diz levantamento da Fundação Dom Cabral
publicado na revista VEJA desta semana.
A ineficiência do governo federal inibe a competitividade produtiva da
economia. O ritmo de ações e obras está muito abaixo das necessidades do
Brasil.
A pavimentação da BR-163, por exemplo, é uma promessa do PAC que
continua emperrada. Idealizada nos anos 1970, a rodovia liga Cuiabá (MT) a
Santarém (PA) e é tida como uma alternativa mais barata para o transporte de
grãos.
A partir da conclusão da rodovia, a Confederação Nacional da Indústria
(CNI) estima que poderiam ser economizados até R$ 1,4 bilhão por ano com o
transporte de cargas na região.
Já o Movimento Pró-Logística, da indústria de Mato Grosso, calcula uma
diminuição de 34% nas despesas com transporte para cada tonelada de soja e
milho que saem da propriedade rural. Seria uma revolução no mapa logístico
local.
A conclusão da rodovia é peça-chave para turbinar o agronegócio e a
abertura de empreendimentos na região. Entre Cuiabá e a divisa com o Pará, o Sebrae estima
que mais de 800 empresas seriam impulsionadas pela conclusão da rodovia.
A situação calamitosa da BR-163, que leva ao encarecimento da produção e
do custo do país, é apenas um exemplo de como o Brasil ainda tem muito a fazer
ante o déficit do setor de infraestrutura.
De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), entre 14 países com economia em desenvolvimento, o Brasil ocupa a
penúltima posição em ranking sobre competitividade, atrás somente da Argentina.
Para crescer de forma acelerada e sustentável nos próximos anos, o país
tem de se transformar num canteiro de obras. Sem infraestrutura adequada, a
produção encarece e o país perde competitividade.
Daí a necessidade imperiosa de desperdiçar menos com a máquina
administrativa e atrair a iniciativa privada para os grandes projetos. A
presidente Dilma precisa descer do palanque e fazer acontecer.
Fonte: Imprensa Democratas
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