As estripulias da ex-secretária do ex-presidente Lula,
Rosemary Noronha, podem ser café pequeno para o que vem por aí. Ontem, a
Polícia Federal pediu a quebra de sigilo bancário do “faz tudo” de Lula, o
segurança Freud Godoy.
O pedido da PF é parte do inquérito para desvendar o
caminho percorrido pelos recursos distribuídos no esquema do mensalão.
Configura ainda um desdobramento do depoimento prestado pelo empresário Marcos
Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro do ano passado.
À época, o operador do mensalão afirmou com todas as
letras para os procuradores que o dinheiro ilícito abasteceu as contas pessoais
do ex-presidente Lula.
Não se sabe se Marcos Valério mente para obter algo em
troca ou fala a verdade. Mas como um operador que foi chamado para conduzir as
tramoias dos primeiros anos do PT no governo federal, ninguém conhece mais a
verdade dos fatos do que o empresário mineiro.
Caso
seja vítima de injúrias, Lula terá uma equipe competente de advogados para se
defender. Conta com o criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz
Bastos e José Gerardo Grossi, que já advogou para o ex-presidente em questões
eleitorais. Mas o ex-presidente ainda não consta entre os investigados pela PF.
A
Polícia Federal tem feito seu papel. Ontem, Marcos Valério prestou novo
depoimento à PF em Brasília. O operador do mensalão deixou a sede da polícia
por volta das 16 horas, revelou o Estadão. Freud Godoy deve ser
ouvido nos próximos dez dias.
Segundo
Marcos Valério, recursos arrecadados ilegalmente pelo mensalão eram depositados
na conta da empresa de segurança de Freud Godoy, e depois utilizados para custear
as despesas pessoais de Lula.
De
acordo com o Estado de S. Paulo, a investigação pode esbarrar
em dificuldades como a ausência de arquivos bancários anteriores a 2008. Normas
do Banco Central indicam a obrigação de armazenamento pelo período de cinco anos,
no mínimo.
Marcos
Valério entregou ao Ministério Público, em setembro do ano passado, um dos
cheques de sua empresa, a SMP&B, destinado a Godoy.
De
qualquer maneira, em 2005, a CPI dos Correios já descobriu repasses no valor de
R$ 100 mil de empresas de Marcos Valério para Freud Godoy.
Além
de Freud, a PF quer ter acesso aos dados bancários de outras 25 pessoas físicas
e jurídicas que também receberam dinheiro das empresas de Valério, condenado
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 40 anos de prisão por envolvimento no
mensalão.
Ao
todo, cerca de 200 pessoas e empresas foram beneficiárias pelos negócios do
operador do esquema. Parte dos dados já está sendo periciada por uma equipe da
Polícia Federal em Minas.
O
operador do mensalão não detalhou, em setembro passado, quais seriam esses
"gastos pessoais" do ex-presidente. O dinheiro teria sido para o
primeiro mês de governo quando "ainda não se sabia como usar o cartão
corporativo", disse Valério no depoimento ao MP.
Como
"faz tudo" de Lula, Freud Godoy de fato fez muitas coisas nos últimos
anos. Em 2006 foi acusado de ser o responsável pela compra de um dossiê contra
políticos tucanos, como o então candidato a governador de SP, José Serra.
Quando
começaram os escândalos contra o Partido dos Trabalhadores, a estratégia de
seus integrantes era de desqualificar e atacar a oposição. Logo depois, a
imprensa entrou na lista de ressentimentos. Mais recentemente, passaram a
incluir o Ministério Público e até mesmo o Supremo Federal entre os inimigos.
Agora,
a Polícia Federal será definitivamente incluída nessa lista. Rosemary Noronha,
não por acaso, já foi devidamente indiciada em inquéritos da PF, acusada por
falsidade ideológica, corrupção ativa e tráfico de influência.
Como
Lula não tem se pronunciado sobre esses assuntos, poderá fazê-lo pela coluna
mensal que terá direito na agência de Notícias do New York Times.
Fonte: Imprensa Democratas
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