A semana mal começou e a economia brasileira já nos
brindou com três sinais de grande desarrumação.
· O
primeiro deles foi o pior resultado da balança comercial em 20 anos registrado
entre janeiro e março de 2013.
· O
segundo foi a queda da produção industrial ocorrida em fevereiro. Muito maior
do que a esperada pela maioria dos analistas.
· Terceiro,
a inflação que teima em se manter acima da meta, a ponto de os juros poderem
subir novamente após longa trajetória de queda.
O déficit da balança comercial entre janeiro e
março foi o maior desde o início da série histórica, em 1993: US$ 5,2 bilhões.
O valor significa uma queda de 7,8% das exportações em um período de um ano. Já
as importações cresceram 6,2%.
Curioso as importações subirem e as exportações
caírem exatamente no momento em que o Brasil colhe a maior safra agrícola de
todos os tempos.
A explicação está na indústria. Mesmo com as
políticas protecionistas e de estímulo, nossos produtos estão cada vez menos
competitivos. Estamos perdendo mercados importantes pelo mundo afora.
Nossas exportações para os EUA caíram 20%! Países
como a China têm conquistado os mercados antes nossos nos países ricos.
“Com indústria empacada, custos em alta,
infraestrutura em frangalhos e consumo acelerado, o Brasil avança para um
desastre comercial. Quase todas as grandes crises brasileiras, desde o começo
do século passado, foram detonadas por problemas nas contas externas”, afirma editorial do Estado de
São Paulo de hoje.
Por essas e outras não é surpreendente que a
indústria registrou o pior fevereiro desde 2008 e anulou o ganho de janeiro. A
queda na produção foi de 2,6%. Puxada pela menor fabricação de automóveis
(-9%), a indústria caiu em 15 dos 27 setores pesquisados.
Também curioso notar que o governo tem sido
contumaz nas medidas de estímulo ao consumo de produtos industriais. Por
exemplo, as alíquotas mais baixas para o IPI dos automóveis irão continuar.
Mas além de uma indústria ainda pouco competitiva
no mercado global, o empreendedor brasileiro sofre com uma altíssima carga
tributária, enorme burocracia e infraestrutura logística aos pedaços. Mesmo com
a economia fechada, tem sido mais vantajoso ir ao manufaturado importado.
E a inflação, neste semestre provavelmente irá
romper o teto de 6,5% fixado pelo Banco Central. O próprio presidente do BC,
Alexandre Tombini, admitiu o estouro na meta. Tombini acenou com novo aumento
da taxa de juros ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do
Senado.
A alta da inflação atinge principalmente o
brasileiro mais pobre. No caso dos alimentos, a inflação já ultrapassou os 13%
em um ano.
Frente a esses sinais, errático, o governo
brasileiro parece não saber como agir. Se aumenta os juros, prejudica a
indústria e, consequentemente, a balança comercial. Se não aumenta os juros, a
inflação cresce e prejudica toda a população, sobretudo os mais pobres.
Uma solução possível seria abrir ainda mais a
economia ao mundo. Em tese, aumentariam os índices de importação, exportação, a
indústria seria obrigada a se modernizar para sobreviver e o mercado
internacional manteria os preços baixos.
Mas o que é óbvio para alguns é um enorme pecado
para um governo que ideologicamente prefere ver um País de costas para os
maiores mercados consumidores do mundo.
Com popularidade ainda em alta, o governo então
aposta que a economia irá resistir pelo menos até a próxima eleição
presidencial. Depois, imaginarão uma forma de consertar o casco do navio já
arrombado.
Fonte: Imprensa Democratas
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