quarta-feira, 3 de abril de 2013

Inflação, indústria, balança: o tríplice problema




A semana mal começou e a economia brasileira já nos brindou com três sinais de grande desarrumação.

·        O primeiro deles foi o pior resultado da balança comercial em 20 anos registrado entre janeiro e março de 2013.
·        O segundo foi a queda da produção industrial ocorrida em fevereiro. Muito maior do que a esperada pela maioria dos analistas.
·        Terceiro, a inflação que teima em se manter acima da meta, a ponto de os juros poderem subir novamente após longa trajetória de queda.

O déficit da balança comercial entre janeiro e março foi o maior desde o início da série histórica, em 1993: US$ 5,2 bilhões. O valor significa uma queda de 7,8% das exportações em um período de um ano. Já as importações cresceram 6,2%.

Curioso as importações subirem e as exportações caírem exatamente no momento em que o Brasil colhe a maior safra agrícola de todos os tempos.

A explicação está na indústria. Mesmo com as políticas protecionistas e de estímulo, nossos produtos estão cada vez menos competitivos. Estamos perdendo mercados importantes pelo mundo afora.

Nossas exportações para os EUA caíram 20%! Países como a China têm conquistado os mercados antes nossos nos países ricos.

“Com indústria empacada, custos em alta, infraestrutura em frangalhos e consumo acelerado, o Brasil avança para um desastre comercial. Quase todas as grandes crises brasileiras, desde o começo do século passado, foram detonadas por problemas nas contas externas”, afirma editorial do Estado de São Paulo de hoje.

Por essas e outras não é surpreendente que a indústria registrou o pior fevereiro desde 2008 e anulou o ganho de janeiro. A queda na produção foi de 2,6%. Puxada pela menor fabricação de automóveis (-9%), a indústria caiu em 15 dos 27 setores pesquisados.

Também curioso notar que o governo tem sido contumaz nas medidas de estímulo ao consumo de produtos industriais. Por exemplo, as alíquotas mais baixas para o IPI dos automóveis irão continuar.

Mas além de uma indústria ainda pouco competitiva no mercado global, o empreendedor brasileiro sofre com uma altíssima carga tributária, enorme burocracia e infraestrutura logística aos pedaços. Mesmo com a economia fechada, tem sido mais vantajoso ir ao manufaturado importado.

E a inflação, neste semestre provavelmente irá romper o teto de 6,5% fixado pelo Banco Central. O próprio presidente do BC, Alexandre Tombini, admitiu o estouro na meta. Tombini acenou com novo aumento da taxa de juros ontem, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

A alta da inflação atinge principalmente o brasileiro mais pobre. No caso dos alimentos, a inflação já ultrapassou os 13% em um ano.

Frente a esses sinais, errático, o governo brasileiro parece não saber como agir. Se aumenta os juros, prejudica a indústria e, consequentemente, a balança comercial. Se não aumenta os juros, a inflação cresce e prejudica toda a população, sobretudo os mais pobres.

Uma solução possível seria abrir ainda mais a economia ao mundo. Em tese, aumentariam os índices de importação, exportação, a indústria seria obrigada a se modernizar para sobreviver e o mercado internacional manteria os preços baixos.

Mas o que é óbvio para alguns é um enorme pecado para um governo que ideologicamente prefere ver um País de costas para os maiores mercados consumidores do mundo.

Com popularidade ainda em alta, o governo então aposta que a economia irá resistir pelo menos até a próxima eleição presidencial. Depois, imaginarão uma forma de consertar o casco do navio já arrombado.

Fonte: Imprensa Democratas 

Nenhum comentário:

Postar um comentário