quinta-feira, 25 de abril de 2013

A lama se aproxima do rei



As estripulias da ex-secretária do ex-presidente Lula, Rosemary Noronha, podem ser café pequeno para o que vem por aí. Ontem, a Polícia Federal pediu a quebra de sigilo bancário do “faz tudo” de Lula, o segurança Freud Godoy.

O pedido da PF é parte do inquérito para desvendar o caminho percorrido pelos recursos distribuídos no esquema do mensalão. Configura ainda um desdobramento do depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro do ano passado.

À época, o operador do mensalão afirmou com todas as letras para os procuradores que o dinheiro ilícito abasteceu as contas pessoais do ex-presidente Lula.
  
Não se sabe se Marcos Valério mente para obter algo em troca ou fala a verdade. Mas como um operador que foi chamado para conduzir as tramoias dos primeiros anos do PT no governo federal, ninguém conhece mais a verdade dos fatos do que o empresário mineiro.
Caso seja vítima de injúrias, Lula terá uma equipe competente de advogados para se defender. Conta com o criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Gerardo Grossi, que já advogou para o ex-presidente em questões eleitorais. Mas o ex-presidente ainda não consta entre os investigados pela PF.
A Polícia Federal tem feito seu papel. Ontem, Marcos Valério prestou novo depoimento à PF em Brasília. O operador do mensalão deixou a sede da polícia por volta das 16 horas, revelou o Estadão. Freud Godoy deve ser ouvido nos próximos dez dias.
Segundo Marcos Valério, recursos arrecadados ilegalmente pelo mensalão eram depositados na conta da empresa de segurança de Freud Godoy, e depois utilizados para custear as despesas pessoais de Lula.
De acordo com o Estado de S. Paulo, a investigação pode esbarrar em dificuldades como a ausência de arquivos bancários anteriores a 2008. Normas do Banco Central indicam a obrigação de armazenamento pelo período de cinco anos, no mínimo.
Marcos Valério entregou ao Ministério Público, em setembro do ano passado, um dos cheques de sua empresa, a SMP&B, destinado a Godoy.
De qualquer maneira, em 2005, a CPI dos Correios já descobriu repasses no valor de R$ 100 mil de empresas de Marcos Valério para Freud Godoy.
Além de Freud, a PF quer ter acesso aos dados bancários de outras 25 pessoas físicas e jurídicas que também receberam dinheiro das empresas de Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 40 anos de prisão por envolvimento no mensalão.
Ao todo, cerca de 200 pessoas e empresas foram beneficiárias pelos negócios do operador do esquema. Parte dos dados já está sendo periciada por uma equipe da Polícia Federal em Minas.
O operador do mensalão não detalhou, em setembro passado, quais seriam esses "gastos pessoais" do ex-presidente. O dinheiro teria sido para o primeiro mês de governo quando "ainda não se sabia como usar o cartão corporativo", disse Valério no depoimento ao MP.
Como "faz tudo" de Lula, Freud Godoy de fato fez muitas coisas nos últimos anos. Em 2006 foi acusado de ser o responsável pela compra de um dossiê contra políticos tucanos, como o então candidato a governador de SP, José Serra.
Quando começaram os escândalos contra o Partido dos Trabalhadores, a estratégia de seus integrantes era de desqualificar e atacar a oposição. Logo depois, a imprensa entrou na lista de ressentimentos. Mais recentemente, passaram a incluir o Ministério Público e até mesmo o Supremo Federal entre os inimigos.
Agora, a Polícia Federal será definitivamente incluída nessa lista. Rosemary Noronha, não por acaso, já foi devidamente indiciada em inquéritos da PF, acusada por falsidade ideológica, corrupção ativa e tráfico de influência.
Como Lula não tem se pronunciado sobre esses assuntos, poderá fazê-lo pela coluna mensal que terá direito na agência de Notícias do New York Times.
Fonte: Imprensa Democratas

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