segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um país de PIB quase parado



Um dos atributos que os marqueteiros tentam atribuir à presidente Dilma Rousseff é uma grande capacidade de gestão. Mas em alguns índices básicos que indicam a competência ou não de um administrador federal, o Brasil mal tem conseguido sair do lugar nos últimos meses.

O principal deles é o crescimento do Produto Interno Bruto. A economia avançou apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nem os mais pessimistas esperavam taxa tão medíocre, pois as previsões variavam de 0,3% a 0,7%.

Aliás, nossos números nem podem ser chamados de medíocres, pois tal termo significaria que alcançamos a média. Na verdade estamos abaixo do comum e da crítica.
Tivemos o pior desempenho do mundo fora da Europa. Na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o Brasil foi o mais fraco dos Brics. A alta do PIB de 0,8% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2011 ficou atrás da China (8,1%), Índia (5,3%), Rússia (4,9%) e África do Sul (2,1%).
Mesmo com a crise, alguns países desenvolvidos cresceram mais do que o Brasil. A Alemanha avançou 0,5% no primeiro trimestre ante o período imediatamente anterior, deixando o crescimento da União Europeia (UE) em zero. Os Estados Unidos cresceram no mesmo ritmo (0,5%) e o PIB do Japão avançou 1%.

Até mesmo a meta de superar o pibinho brasileiro de 2,7% registrado em 2011 está ameaçada. Não custa nada lembrar que o ministro da Fazenda Guido Mantega chegou-a se comprometer com um PIB de cerca de 5% para este ano.

Ou seja, ou o ministro não conhece a nossa própria economia ou estava alheio à deterioração das condições internacionais. Nos últimos 12 meses o crescimento do PIB nacional foi de 1,9%.

Já são cinco trimestres seguidos de expansão econômica inferior a 1%, o que não ocorria desde os anos 90.

O PIB fraco afetou índices fundamentais para o futuro sustentável no Brasil. A taxa de investimento, por exemplo, caiu de 19,5% para 18,7%. A meta do governo era chegar a 25% para que o país não dependa tanto de importações.

O PIB agropecuário do primeiro trimestre deste ano caiu 8,5% em relação a igual período de 2011 e desacelerou 7,3% em comparação ao quarto trimestre de 2011.  Foi o maior recuo em 15 anos.

Segundo os dados do BNDES, o país deve ter R$ 579 bilhões em investimentos em oito setores industriais entre 2012 e 2015 - valor 6% menor que os R$ 614 bilhões estimados no ano passado para o período 2011-2014. A queda será de R$ 35 bilhões.

Em um primeiro momento, a equipe econômica chegou até comemorar a desvalorização do Real como resultado de suas medidas de apoio à exportação. Puro autoengano. O valor da moeda brasileira caiu principalmente devido à crise e não por causa das ações do governo.

Já o consumo das famílias cresceu 1% de acordo com a última sondagem do IBGE. Não foi uma má notícia, mas há sinais de desaquecimento.

O estímulo ao consumo foi a principal medida do governo para superar a crise econômica internacional de 2008/2009. Apesar de o crescimento do Brasil em 2009 ter sido nulo, a estratégia foi considerada bem sucedida.

O problema é que agora a equipe economia repete as medidas, mas encontra uma população superendividada após responder positivamente de maneira positiva aos estímulos anteriores para ir às comprar por meio de facilidades no crédito.

O colunista Antonio Machado, do Correio Braziliense, busca explicar o fenômeno: “O aumento da renda se fez acompanhar de medidas que anteciparam o consumo, levando à exaustão por ora desse veio. É o que explica a relativa ineficácia atual dos mesmos incentivos”.

O Brasil, lembra Antonio Machado, atingiu altos níveis de consumo sem capacidade de oferta industrial, infraestrutura pública em estradas, energia, saneamento, etc. Um dia iria pagar o preço. A queda de juros pode ter chegado tarde.

Fonte: Imprensa Democratas 

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