sexta-feira, 22 de junho de 2012

Inoperância e contradições na agenda verde


O Brasil é novamente um dos centros das atenções do mundo devido à conferência mundial Rio+20. Chefes de Estado e dezenas de especialistas discutem a ambiciosa, porém necessária, tarefa de conciliar o desenvolvimento econômico e social com o respeito ao meio-ambiente.

Com seus imensos recursos naturais, o anfitrião Brasil tinha tudo para dar um exemplo mundial no encontro, propor medidas ousadas, mostrar soluções caseiras, e ainda conduzir uma negociação de alto nível. Não foi o que ocorreu ainda.

Até agora, o País conseguiu muito pouco na conferência. O texto final a ser apresentado para a assinatura dos chefes de Estado, por exemplo, foi considerado fraco pela União Europeia e por muitos outros negociadores. No mínimo, faltou ambição ao Brasil de sugerir algo efetivo.

O documento final, que chegou a ter quase 200 páginas, talvez fique com apenas 20. Metas tiveram que ser prorrogadas, ações engavetadas e punições esquecidas. Para se ter uma ideia, ficaram de lado tentativas de acordo sobre temas como uso da água e da energia.

O Brasil foi até mesmo acusado de trabalhar para retirar do texto final uma definição sobre os temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma das metas primordiais de todo o encontro.

Também ainda não se chegou a um acordo efetivo sobre quem irá arcar com um fundo de US$ 30 bilhões para as ações desse desenvolvimento sustentável.

O Brasil jogou a toalha. O documento da Rio+20 será mais fraco do que o imaginado no cenário pessimista. A crise econômica bloqueou as soluções para salvar o futuro”, afirmou a colunista Míriam Leitão.

No texto negociado, falta quase tudo. Mas, principalmente, faz falta uma proposta concreta sobre o fundo que se pensava criar no Rio. Os governantes vão apenas ‘reconhecer a necessidade’ de que existam formas de financiamento, que ele envolva fontes variadas, como os órgãos multilaterais - leia-se FMI e Banco Mundial -, e criam um comitê intergovernamental de trinta especialistas que vão desenvolver estratégias de financiamento até 2014”, continuou.

O Brasil está perdendo a chance de ser uma força frente às ambições crescentes, à esperança e à confiança que o mundo depositou em seus ombros”, afirmou a Climate Action, rede internacional que abriga mais de 700 organizações não governamentais.

A situação chegou a tal ponto que o grupo “The Elders”, formado por ex-chefes de Estado, entre eles Nelson Mandela e Fernando Henrique Cardoso, fez um apelo para que os líderes mundiais “salvem” o documento final.

Um dos entraves às negociações é que toda a decisão precisa ser unânime, de acordo com exigência da ONU.

Fora certa falta habilidade para lidar com uma negociação envolvendo 193 países, o Brasil também não tem muito a mostrar do ponto de vista de ações efetivas para combater o avanço de todos os tipos de poluição.

Por exemplo, o governo aposta em uma medida absolutamente contrária a qualquer cartilha verde para combater a crise econômica que já chegou por aqui. Desprezando os integrantes da Rio+20, quer aquecer o mercado de automóveis particulares por meio da diminuição das alíquotas de IPI.

Os resultados serão mais engarrafamentos, menos qualidade de vida, mas monóxido de carbono no ar. Perdeu-se a oportunidade de um anúncio de investimentos em transportes públicos que receberia aplausos mundiais.

Os engavetamentos nas proximidades da conferência são uma amostra parcial desse equívoco do governo.

Enquanto isso, em seu plano de investimentos, a Petrobras, maior estatal brasileira, já anunciou que irá gastar muito mais recursos com energia suja e menos em biocombustíveis.

O Democratas é um partido que não esconde sua opção pelo capitalismo e a economia de mercado. Essa escolha não significa se opor às ações em prol do meio-ambiente, pelo contrário.

Diga-se de passagem que a preservação da natureza nunca foi meta de países socialistas, vide a posição da China contra os acordos. O movimento ambiental surgiu em países capitalistas ocidentais.

Atualmente, muitos empreendedores já perceberam que ter um negócio sustentável é fundamental para o sucesso a longo prazo. O motivo é de uma lógica cristalina: todos os seres humanos precisam consumir alimentos, roupas, morar em casas seguras e se deslocarem. Por outro lado, os recursos naturais para se conseguir tudo isso são finitos. Se a equação entre consumo e natureza não for equilibrada, todos sairão perdendo.

Mas as medidas precisam ser tomadas com urgência. Pela sobrevivência de todos.

Fonte: Imprensa Democratas

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