segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Estado como inimigo do investimento




Os empreendedores brasileiros são verdadeiros heróis. O País é um dos que mais oferece obstáculos para investimentos que geram empregos e desenvolvimento socioeconômico. Mesmo assim, eles insistem em suas atividades produtivas.   

São tantos os entraves que as consequências tornam-se dramáticas. O Brasil, por exemplo, investe apenas 10% do que os demais países emergentes desembolsam em infraestrutura. Enquanto o índice é de 0,4% do PIB por aqui, na China chega a 4%.

E os poucos investimentos se concentram principalmente na malha rodoviária, em detrimento dos demais modais. Mas mesmo no caso das rodovias, deixamos a desejar. Apesar do crescimento de 40% ao ano nos investimentos federais desde 2004, eles representaram, em média, só 0,3% do PIB. Pouco, se comparado ao 0,7% investido pelos países europeus.

De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) são necessários investimentos de R$ 125 bilhões no País em portos, hidrovias, rodovias, ferrovias e aeroportos, o que representa cerca de 3,4% do Produto Interno Bruto por ano até 2016.

Enquanto isso, em 2010, ano de grande crescimento econômico, o investimento foi de 0,4% do PIB.

Enquanto os gastos com investimentos em infraestrutura são relativamente pífios, a sociedade brasileira é uma das que mais gasta no mundo para transportar e vender seus produtos.

Por exemplo, a parcela gasta pelo Brasil com logística em proporção ao PIB supera os Estados Unidos. Enquanto os EUA esse índice chega a 7,7%, por aqui atinge 10%.

Enquanto isso, obviamente, o Brasil despenca nos levantamentos de competitividade. Em 2011 caiu de 84º para a 104º posição de acordo com o ranking global do Fórum Econômico Mundial. Mesmo no “milagroso” 2010, o País havia perdido três posições.

  • Na malha rodoviária, nosso principal modal, em 142 países, estamos entre os últimos 25.
  • No caso dos portos, entre 130 países somos uma espécie de superlanterninha na 130º posição.
  • No caso da infraestrutura ferroviária, em uma lista de 14 países, estamos também lá atrás, em 13º em relação aos seguintes concorrentes: Rússia, Canadá, Coreia, África do Sul, Espanha, Austrália, Chile, México, China, Índia, Polônia, Colômbia e Argentina.  
  • No caso da infraestrutura aeroportuária, estamos na 122.ª colocação entre 142 países.
  • E em velocidade na internet? Mais um fiasco. Numa lista de 50 o Brasil ficou em 40º.
Segundo um estudo do Departamento de Competitividade de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as empresas brasileiras contabilizam uma despesa anual extra de R$ 17 bilhões devido às péssimas condições das estradas, sucateamento nos portos, falta de capacidade das ferrovias e gastos com armazenagem.

Esses custos extras representam quase 15% de todo gasto que a indústria tem com transportes e armazenagem. No total, as companhias destinam 7,2% do faturamento, ou R$ 122,3 bilhões, para movimentar suas mercadorias no Brasil.
Por tudo isso, é mais ou menos fácil deduzir que entre as 10 economias do mundo ficamos no 10º lugar em infraestrutura do transporte, como concluiu o levantamento de mais uma consultoria internacional: a Economist Intelligence Unit.

O Brasil possui gigantesco potencial energético natural. Mas ironicamente, a energia para produzir nossos produtos é mais um empecilho. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a tarifa média das indústrias aqui é de R$ 330 por megawatt-hora (MWh), a quarta maior do mundo. É três vezes mais cara que a dos EUA e do Canadá e o dobro da cobrada na China, na Coreia do Sul e na França.

Por trás de valores tão altos o vilão de sempre: os impostos.

E existe o vilão burocrático. Hoje, caso um empresário brasileiro precise exportar seus produtos, terá que se sujeitar à aprovação de até 12 órgãos diferentes do governo. Há mais de cem leis que regem a área no Brasil e 130 impostos e tributos relacionados à atividade.

Frente a esses entraves, quase desnecessário dizer que a produtividade brasileira caiu quase dois terços no último ano.

O dramático, no caso, é que o investimento em infraestrutura traz retornos consistentes para a sociedade. De cada dólar gasto é gerado US$ 1,59 em empregos e compras.

Esse pequeno levantamento das dificuldades do Brasil para vender seus produtos, mesmo para o mercado interno, mostra que colocar a culpa no câmbio ou em nossa falta de capacidade para alguns dos baixos índices de produção é uma tremenda má-fé. Sem que o Estado faça a sua parte, grande parte gigantesco esforço do empreendedor tem sido utilizado apenas para superar os entraves que deveriam ser obrigação de o governo superar.

Fonte: Imprensa Democratas 

Um comentário:

  1. Bruno, já conhece a página do Facebook do senador José Agripino Maia? Vale a pena indicar aos amigos: http://www.facebook.com/joseagripinomaia

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