segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Reações criminosas aos escândalos


É tão alto o número de ministros do governo Dilma Rousseff afastados por suspeitas de irregularidades que é difícil ter todos os nomes de cabeça. Mais uma vez: Antonio Palocci, da Casa Civil; Alfredo Nascimento, dos Transportes; Wagner Rossi, da Agricultura; Pedro Novais, do Turismo; Orlando Silva, do Esporte e Carlos Lupi, do Trabalho.

Os escândalos petistas da área federal vêm de longe. No mínimo desde 2004, quando Waldomiro Diniz, assessor do ex-ministro da Casa-Civil, José Dirceu, foi flagrado por câmeras de segurança pedindo propina a um bicheiro.

Desde então, é escândalo praticamente todo mês, com destaque para o chamado mensalão de 2005 - a compra ilegal de parlamentares da base aliada com o intuito de garantir apoio no Congresso.

Mas a reação de alguns integrantes do Partido dos Trabalhadores a esses escândalos se tornou outro escândalo por si só. A edição desta semana da revista Veja mostra que a contra-ofensiva ao chamado mensalão foi uma imensa e criminosa fraude contra os oposicionistas.

Em 2006, um estelionatário, Nilton Monteiro, foi contratado por integrantes do PT para forjar uma lista com o intuito de incriminar integrantes da oposição. A ideia era fazer uma armação para parecer que deputados teriam recebido recursos ilegais da estatal Furnas, nos últimos anos da era FHC.

Como compensação à farsa, Nilton teria facilidade em fazer negócios com o governo federal.

Entre as vítimas das fraudes grosseiras estavam os deputados Rodrigo Maia, futuro presidente do Democratas, e José Carlos Aleluia, atual presidente da Fundação Liberdade e Cidadania (FLC).

O fraudador hoje está preso. Escutas com autorização judicial mostram o estelionatário ameaçando contar tudo o que sabe caso não seja protegido pelos petistas que o contrataram.

Foi esse estado de coisas de total descalabro herdado por Dilma Rousseff ao tomar posse em 2011. Escândalos de um lado e reações criminosas às denúncias de outro.

Para que a presidente não ficasse tão mal em meio a tantas dificuldades nessa seara, até inventaram um nome para o processo de saída de ministros que caem devido a um esquema corrupto consagrado no governo anterior: faxina. Nada mais enganador, pois todos os auxiliares só foram à lona após denúncias na imprensa.

A intenção do governo era não fazer mais mudanças no ministério após a queda de Orlando Silva. Foi surpreendido, entretanto, com as inúmeras denúncias de corrupção contra a pasta do Trabalho. Entre outras acusações, auxiliares de Carlos Lupi cobrariam propina para registrarem sindicatos.

A quantidade tão grande de ministros abatidos até gerou uma tese factível: Dilma estaria por trás da saída dos ministros, que foram escolhidos por Lula e não por ela. Mas essa teoria já tem falhas, pois o alvo agora está sobre o titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, companheiro de militância da presidente.

Assim como Palocci, Pimentel recebeu milhões de Reais no ano passado por serviços de “consultoria”. Ao contrário do ex-ministro da Fazenda, revelou quem eram seus clientes, entre eles a Fiemg, a Convap engenharia e a ETA Bebidas do Nordeste. Mas ainda não mostrou que tipo de trabalho fez, aumentando as suspeitas de que recebia apenas para fazer tráfico de influência.

Outro que anda na corda-bamba é o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP). Não tem apoio de todo seu partido e é acusado de ser conivente com uma falsificação de documentos que alterou o escopo das obras de mobilidade urbana para Cuiabá sediar os jogos da Copa.

Fora da esplanada dos ministérios, mas igualmente enrolado, está o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Com base em investigação da Polícia Federal, reportagem da Isto É desta semana mostra que o ministro não tem como explicar o enorme enriquecimento de sua família, ocorrido nos últimos três anos.

A esperança dos petistas agora também pode ser mais uma fraude. Para atacar a oposição se fiam em um livro escrito por um integrante de campanha do governo Dilma Rousseff contra o processo de privatização ocorrido na era FHC.

O autor, o jornalista Amauri Ribeiro, foi indiciado pela Polícia Federal. O livro ainda foi pouco lido, apesar da empolgação dos petistas. Se o modus operandi das reações aos escândalos foi repetido nesse caso, pode ser mais um bumerang contra os que perseguem a oposição ao invés de tratarem a coisa pública com o devido respeito.

Fonte: Imprensa Democratas

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