quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Os gastos confusos do governo


Não foi apenas na área ética que o primeiro ano do governo Dilma Rousseff mostrou-se confuso e sem rumo, com denúncias para todos os lados e queda rotineira de ministros suspeitos de irregularidades.

Também na área das finanças e administração há um número excessivo de gastos contraditórios, compromissos mal feitos e falta de um horizonte claro.

No começo do ano, por exemplo, foi anunciado um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento Geral da União. A meta não foi cumprida. A redução de despesas chegará ao máximo a R$ 21,3 bilhões, informou o jornal O Globo, de segunda-feira.

Pior, a área mais atingida com os cortes é a de investimentos. São ações como construção de estradas, hospitais, portos ou aeroportos que foram prejudicados. Os investimentos caíram R$ 16,5 bilhões nos onze primeiro meses de 2011, comparando-se com 2010.

De acordo com O Globo, as despesas com benefícios previdenciários e com o seguro-desemprego, que o governo prometera reduzir em R$ 5 bilhões, cresceram R$ 10,5 bilhões. Pela última estimativa, essas despesas chegarão a R$ 318,7 bilhões em 2011, R$ 15,5 bilhões além do previsto.

Quando anunciou o corte de R$50 bilhões nas despesas, o governo justificou a necessidade de adequar os gastos a uma previsão mais modesta de receitas. Avisou que arrecadação ficaria R$ 18 bilhões abaixo da estimada. Só que, ao longo do ano, a arrecadação bateu recordes:

“A última previsão é que a receita fechará 2011 com um montante de R$21,7 bilhões acima do valor estimado pelo Congresso. Ou seja, a diferença entre o que o governo estimou e o que vai arrecadar chega a R$40,3 bilhões”, afirmou O Globo.

Outro número: a dívida interna brasileira atingiu R$ 1,733 trilhão. Isso significa que 2011 será o primeiro ano em que a despesa com juros dessa dívida irá superar R$ 200 bilhões. Apenas em novembro foram pagos R$ 20,25 bilhões.

Entre janeiro e outubro, o governo brasileiro desembolsou R$ 197,7 bilhões para pagar credores da dívida, novo recorde. No acumulado em 12 meses, a despesa com juros também foi a maior da história: alcança R$ 235,8 bilhões, que equivalem a 5,87% do PIB.

O valor que o brasileiro paga de juros por ano é mais de cinco vezes maior do que a quantidade de recursos necessária para o País finalmente investir 10% da arrecadação com saúde, conforme previa a versão inicial da regulamentação da Emenda 29. Essa pretensão foi derrubada pelo governo este ano.

O curioso é que para conseguir o apoio do Congresso aos seus gastos desconexos, o governo teve que abrir o cofre. Segundo levantamento da equipe técnica do Democratas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), feito a pedido do jornal O Globo, na maratona das votações deste final de ano, o governo aumentou o empenho de emendas parlamentares de R$ 40 milhões para 653,4 milhões.

Um dos resultados de tanta incogruência deve ser um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de no máximo 3% este ano. Mas parte da origem dessa confusão pode ser encontrada na campanha eleitoral de 2010.

O governo abriu a torneira dos gastos e pressionou a inflação para eleger a hoje presidente Dilma Rousseff. A conta está sendo paga por meio uma taxa de juros em discreta queda, mas ainda entre as mais altas do mundo, e uma inflação de serviços que já chega a 9%.

No final das contas, o sacrifício para sanar os abusos do governo será da população brasileira.

Fonte: Imprensa Democratas


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