sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A insegurança tomou conta do país


O retrato da violência no Brasil está cada dia mais assustador. Divulgado na semana passada, o "Mapa da Violência 2012", produzido pelo Instituto Sangari com informações dos ministérios da Saúde e da Justiça, mostra um País com estatísticas de homicídios comparáveis a nações em guerra e um cenário de crimes cada vez mais espalhado pelo interior do território e focado principalmente nos jovens.

Confira a íntegra do Mapa da Violência 2012: http://migre.me/7ehBG

Com dados cruzados entre 1980 e 2010, o estudo revela um crescimento de 258% no índice de mortes no País nos últimos 30 anos, o que representa mais de um milhão de vítimas de homicídio registradas nesse período.

Só em 2010, foram 50 mil mortes violentas, num montante de 137 assassinatos por dia. Isso significa que a cada dez minutos uma pessoa foi morta no Brasil no ano passado. É um número escandaloso, que simboliza um massacre do Carandiru por dia.

Não por acaso, o estudo aponta que "nossas taxas de violência ainda são muito elevadas e preocupantes, considerando a nossa própria realidade e a do mundo que nos rodeia, e não estamos conseguindo fazê-las cair".

Em termos proporcionais, o País apresenta uma taxa anual de 25,8 homicídios a cada 100.000 habitantes, índice considerado epidêmico pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pois ultrapassa a marca de 10 assassinatos a cada 100 mil habitantes por ano.

Esse número é muito superior ao registrado em países com histórico de conflitos sangrentos, como Sudão (8,8), Palestina (8,3) e Afeganistão (9,9).

Um outro problema abordado pelo Mapa da Violência, que inclusive tem se alastrado com rapidez, é a interiorização dos crimes. A taxa de assassinatos nas regiões metropolitanas diminuiu de 43,2 para 33,6 a cada 100 mil habitantes entre 2000 e 2010. Já as ocorrências em municípios do interior subiram de 13,8 para 20,1, no mesmo período.

Assim, a pesquisa mostra uma inversão gradativa de papéis quanto à geografia da violência. Regiões antes consideradas relativamente “tranquilas”, como Norte e Nordeste, passaram a enfrentar sérios problemas com a criminalidade crescente. Entre 2000 e 2010, nada menos que 17 estados viram seus índices de crime aumentar rapidamente.

Alagoas, por exemplo, é hoje o estado que ocupa a primeira posição no ranking dos mais violentos, com média de 66,8 para cada 100 mil habitantes (era o 11º em 2000). Em segundo está o Espírito Santo (50,1), seguido do Pará (45,9), de Pernambuco (38,8) e do Amapá (38,7).

Os menores números são os de Santa Catarina (12,9), Piauí (13,7), São Paulo (13,9), Minas Gerais (18,1), Rio Grande do Sul (19,3) e Acre (19,6).

São Paulo e Rio de Janeiro apresentaram a maior redução de homicídios do País entre 2000 e 2010: 67% e 49%, respectivamente. Não é à toa que o Sudeste foi a única região que exibiu uma queda acentuada na taxa de homicídios.

Também preocupa o fato de a violência ainda incidir de forma muito mais intensa entre a população jovem na faixa etária dos 15 aos 24 anos. Em 2010, só para se ter ideia, o assassinato de jovens foi 156% maior do que o assassinato de pessoas entre outras faixas etárias.

A sensação de insegurança é total. Pesquisa Ibope divulgada em outubro deste ano constata que a violência é um dos temas que mais afligem o brasileiro. Pelo menos 80% da população já mudaram de hábitos diante da escalada da violência e mais da metade (51%) discordam dos caminhos trilhados pela segurança no País.

Estudo da ONU publicado no ano passado mostra que 90,1% dos brasileiros têm a percepção de que a violência vem crescendo no País.

O Estado brasileiro, infelizmente, é gigante demais onde não deveria e falha naquela que é sua função primordial: garantir segurança e paz para os cidadãos.

Para os próximos anos, a meta deveria ser "tolerância zero" com os assassinos. Não é mais suportável passar a mão na cabeça de marginais como se fossem "vítimas da sociedade". É chegada a hora de uma reação mais enérgica sobre a questão da segurança. E para isso só existe um jeito: punição severa para o bandido e fortalecimento da ação policial.

Porém, a menos de 10 dias de completar um ano de governo, a presidente Dilma Rousseff ainda não mostrou a que veio. Para o setor de segurança pública, as promessas não desceram do palanque.

O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), por exemplo, principal veículo de ajuda do governo federal a estados e municípios, perdeu mais de R$ 1 bilhão este ano, 47% do previsto. Desprezo total.

Consequentemente, a Polícia Federal, sem dinheiro, diminuiu o policiamento das fronteiras, por onde entram as drogas e as armas ilegais. E a construção dos propalados 2.883 postos de policiamento comunitário e as 800 praças de lazer não saíram do papel.

Mas não para por aí. Os prometidos aviões não-tripulados (Vants), que amenizariam o problema do tráfico de drogas nas fronteiras, continuam no chão. E o combate às drogas parece mais uma colcha de retalhos recheada de muita propaganda e pouca ação. A verdade é que pouco foi feito pela segurança pública do Brasil ao longo dos nove anos de governo petista.

Fonte: Imprensa Democratas

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