Organização definiu que acontecerá um
desfile no domingo de carnaval. Secretário Municipal de Turismo disse que projeto vai acontecer em 2014.
Após ter sido inviabilizado pela prefeiturapara o carnaval de 2013, o
projeto do Afródromo foi alterado e irá acontecer ainda este ano, no domingo de
carnaval. A prefeitura havia cancelado o apoio ao projeto por conta de
dificuldades operacionais.
Em coletiva na tarde desta
terça-feira (15), no Museu du Ritmo, no bairro do Comércio, na capital, os
organizadores definiram que, em vez de três dias de festas na Cidade Baixa,
será feito um desfile no circuito Osmar, no Campo Grande, a partir das 11h do domingo
de carnaval, com a presença dos participantes da Liga dos Blocos Afro.
Durante o evento, Vovô do Ilê, que é
um dos organizadores do projeto, comentou que a ideia partiu da necessidade de
criar oportunidades para as entidades afro na festa. "O carnaval está
precisando de mudanças, precisamos de alguma coisa nova. Foi uma proposta muito
positiva, nos não queremos mudar o carnaval de Salvador, só queremos
acrescentar", pontuou.
Carlinhos Brown, idealizador do
projeto, acrescentou que "isso não é só um movimento de música. Envolve
artistas plásticos, costureiros, valorizar as produções locais". Os
organizadores do evento prometem criar uma identidade visual ao desfile, que
será comandado por Brown e acompanhado pelas alas de canto dos blocos afro e
afoxés participantes em um trio elétrico. Cerca de 200 percussionistas vão
fazer parte do desfile.
Os organizadores do Afródromo estimam
a participação de cerca de 8 mil pessoas no desfile, entre integrantes dos
blocos afro e foliões que queiram adquirir as fantasias, que serão
comercializadas pelas entidades participantes do "blocão" ou
"comboio africano", como denominou Brown. Segundo Alberto Pitta,
autor das estampas e indumentárias que as entidades vestirão, não haverá
cordas. "O público naturalmente vai saber separar".
Carnaval de 2014
Um termo de compromisso foi assinado pelo secretário municipal de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, e por representantes de entidades afro para que o projeto original, que previa a realização do evento em três dias em um novo circuito, aconteça em 2014.
O secretário elencou os principais
motivos para que o projeto original não fosse realizado este ano. "O
primeiro elemento que foi um entrave do patrocínio que estabelecia que em
qualquer circuito do carnaval, o patrocinador teria que aparecer e expor sua
marca", disse. Além disso, apontou questões que envolvem a estrutura da
festa, principalmente os custos e a logística com segurança, trânsito, saúde e
limpeza, que não estavam previstos nos planos orçamentários da Prefeitura.
Carlinhos Brown acrescentou que
"o carnaval da Bahia cresceu e precisa de estrutura para isso. Não tem
espaço para a gente lá em cima [nos demais circuitos]". Segundo ele, um
novo circuito poderá trazer visibilidade para a forte cultura negra que existe
na capital.
Presidente do bloco afro Muzenza,
Jorge dos Santos pontuou que "os blocos afro são impedidos de desfilar
mais cedo no carnaval porque hoje a lógica do carnaval é a de ganhar dinheiro.
A partir do Afródromo conseguimos um espaço para mostrar nossa beleza no
carnaval".
Já Agnaldo da Silva, presidente dos
Filhos de Gandhy, lamentou o fato do projeto original não ter sido viabilizado
este ano. "É uma tristeza o projeto não sair na sua totalidade este ano. É
uma pena, foi por uma questao de ciúmes de outros blocos afro que ficaram de
fora". Brown comentou que "não quer inimizades com ninguém".
Segundo ele, o projeto nao é exclusivo para a cultura negra, é para referenciar
a cultura negra, é para toda a cidade. Ele acrescentou que "isso aqui [a
Bahia] não é a terra de uma nota só".
Estiveram presentes na coletiva o
músico Carlinhos Brown, idealizador do Afródromo, o presidente da Liga dos
Blocos Afro, Alberto Pitta, Vovô do Ilê Aiyê, o secretário de Cultura da Bahia,
Albino Rubim, Guilherme Bellantini, Secretario de Desenvolvimento, Turismo e
Cultura de Salvador, Aguinaldo Silva, presidente dos Filhos de Gandhy, Gilson
Freitas, presidente da Timbalada, Carlos Amorim, superintendente do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Miguel Arcanjo dos
Santos, do Malê de Balê e Jorge dos Santos, presidente do bloco Muzenza.
'Dificuldades operacionais'
A Prefeitura de Salvador informou, na noite do dia 7 de janeiro, que o Afródromo, espaço alternativo que seria dedicado aos blocos afro no carnaval, não aconteceria no ano de 2013. Segundo a prefeitura, não houve viabilidade para execução do primeiro projeto apresentado a curto prazo devido a "dificuldades operacionais".
A assessoria da prefeitura
acrescentou ao G1 BA que
a decisão foi tomada de forma conjunta entre o músico Carlinhos Brown, um dos
idealizadores do Afródromo, e o secretário de Desenvolvimento, Turismo e
Cultura, Guilherme Bellintani.
Pouco antes, o Conselho Municipal do
Carnaval (ComCar) enviou à prefeitura um ofício em que não recomendou a criação
do novo espaço para a festa carnavalesca, que seria localizado no bairro do
Comércio. A decisão foi aprovada por unanimidade pelo ComCar, depois que o
projeto não foi enviado à apreciação da entidade. No entanto, a prefeitura
afirmou que a solicitação do Conselho não tem relação com a reprovação do
projeto pela prefeitura.
O ComCar disse, em nota, que a não
recomenda a execução do Afródromo por conta de "alguns pontos obscuros que
norteiam o projeto divulgado pela imprensa, como a garantia de segurança, saúde
e limpeza; impactos ambientais e sobre o patrimônio histórico; concessão de
espaço público; e conflitos de interesses econômicos relacionados aos
patrocinadores oficiais do carnaval", segundo elencou.
Além disso, o ComCar
afirma, no documento, que a implantação do Afródromo poderia trazer
interferências nos circuito "Batatinha", situado no Pelourinho, e no
circuito "Osmar", no Campo Grande. Segundo a entidade, esses
circuitos já trazem atrações com blocos afro e afoxés no período da festa
popular e poderia perder a força. Durante a noite desta segunda-feira (7), G1tentou contato com a assessoria do Afródromo, mas
ninguém foi encontrado.
Afródromo
O espaço alternativo dedicado a blocos afros e afoxés foi idealizado para o bairro do Comércio. Segundo as informações registradas no primeiro projeto, o "Afródromo" contaria com 2,5 quilômetros de extensão, com início no Moinho de Salvador, situado na Avenida da França. Os desfiles estavam previstos para domingo, segunda e terça-feira de carnaval.
“Queremos mais visibilidade
para os blocos afro e entidades de matriz africana”, declarou Alberto Pita,
presidente do Cortejo Afro e da Liga dos Blocos Afro da Bahia, que acompanhou o
músico Carlinhos Brown e o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos 'Vovô', na
apresentação do projeto ao governador Jaques Wagner. O encontro ocorreu no dia
28 de novembro de 2012.
De acordo com os organizadores do
Afródromo, a ideia é proporcionar um "grande espetáculo" nos dias de
carnaval. O ponto de partida dos desfiles seria equipado com arquibancada com
lotação de 20 mil pessoas. Os ingressos seriam gratuitos. Além dos desfiles dos
blocos afro que fazem parte da Liga, como Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Muzenza,
Filhos de Gandhy e Malê Debalê, entidades de matriz africana e outros
convidados, como a Timbalada, estariam na programação do novo circuito.
A abertura oficial do Afródromo
ficaria por conta de Carlinhos Brown, no domingo de carnaval, com o seu novo
bloco, chamado "Desembarque Fascinante". Ele comandaria ainda o bloco
"Universidade Baixa", que levará ao Afródromo atrações de rock.
Os desfiles dos blocos afro estão
previstos para iniciar a partir das 18h, considerado horário nobre na
programação, atendendo a um antigo pedido das entidades. “A ideia é que os
blocos afro tenham mais visibilidade porque no carnaval eles só conseguem sair
de madrugada, apertados com outros blocos”, comentou Vovô do Ilê Aiyê.
Fonte: G1
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